25 de Abril: os «recados» de Cavaco - TVI

25 de Abril: os «recados» de Cavaco

«Este não é tempo de promessas fáceis, que depois se deixarão de cumprir», diz Presidente da República

O Presidente da República instou os políticos de Portugal, no discurso de comemoração dos 35 anos do 25 de Abril, a darem o «exemplo» no ano eleitoral que se avizinha. Cavaco Silva pede que não se perca tempo com «questões artificiais», que não se «gaste» em demasia, que não se use «linguagem excessiva» e diz ainda que «este não é o tempo de promessas fáceis» e de política de «ilusões».

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Os três actos eleitorais de 2009 foram uma das preocupações centrais de Cavaco Silva no discurso deste sábado. O Presidente da República (PR) pede um combate à abstenção, devido ao perigo de enfrentarmos um «sério problema de legitimação democrática», mas sobretudo envia «recados» aos partidos sobre a forma como devem decorrer as eleições deste ano.

«Aquilo que se promete deverá ter em conta a realidade que vivemos no presente e em que iremos viver no futuro (...). Quem prometer aquilo que objectivamente não poderá cumprir estará a iludir os cidadãos (...). Este não é o tempo de promessas fáceis, que depois se deixarão por cumprir».

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As «indicações» de Cavaco têm também como preocupação os problemas de todo o país: «Considero essencial que os próximos actos eleitorais tenham como horizonte Portugal inteiro. As campanhas devem decorrer com serenidade e elevação e os portugueses esperam que, num tempo de dificuldades, os agentes políticos saibam dar exemplo».

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Um «exemplo» que deve começar no «respeito» entre políticos, «sem linguagem excessiva, nem crispações». Cavaco pede uma campanha em que sejam discutidos «os problemas reais das pessoas e do país. Que não se perca tempo com questões artificiais, que haja sobriedade nas despesas, que não se gaste o dinheiro dos contribuintes em acções de propaganda demasiado dispendiosas para o momento que atravessamos».

A crise e os erros do passado

«Vivemos tempos muito difíceis». O Presidente da República não deixou de fora do seu discurso os problemas que o país atravessa devido à crise. Cavaco fez referência às «centenas» de trabalhadores que todos os dias vão para o desemprego e às notícias de encerramentos de fábricas e empresas. Portugueses que «até há pouco tempo viviam com algum desafogo e pertencem agora ao grupo dos novos pobres».

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O PR afirma que não é possível «ignorar» as previsões económicas divulgadas por organizações nacionais e internacionais. «Não há, assim, a certeza de que este seja um momento meramente transitório de recessão, a que se seguirão melhores dias».

O debate eleitoral é, para Cavaco, umas das preocupações e por isso mesmo deixa «recados» sobre a forma como os partidos têm debatido as questões do país. O Presidente pede que não se «perca tempo e energias com recriminações sobre o passado».

«Politicas que foram adoptadas anteriormente podem ter sido correctas na conjuntura em que então se vivia, mas não o serem nos dias de hoje, do mesmo modo que actualmente, haverá porventura que tomar medidas que não seriam adequadas no passado», disse.

O Presidente da República, em dia de Liberdade, confessa ainda que não perdeu a «esperança no futuro», que a «crise será vencida» e, «então, seremos dignos daqueles que, há mais de três décadas, tiveram a coragem de se levantar porque acreditaram num país novo e num futuro melhor».
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