Abstenção subiu, mas há milhares de eleitores fantasma - TVI

Abstenção subiu, mas há milhares de eleitores fantasma

Eleições Europeias: populares votam

Os cadernos eleitorais portugueses contam com cerca de 650 mil eleitores que não existem de facto, mas que contam nas estatísticas de participação

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A taxa de abstenção das eleições autárquicas de domingo aumentou de 39 para 41 por cento, em relação a 2005, uma percentagem que poderá não ser verdadeira uma vez que há milhares de «eleitores fantasma» existentes nos cadernos eleitorais.

No ano em que se comemoram os 35 anos do 25 de Abril, os cerca de 9,3 milhões de eleitores foram chamados a participar em três actos eleitorais. Depois das europeias em Junho e das legislativas em Setembro, realizaram-se eleições autárquicas este domingo, dia em que foram eleitos 308 presidentes de Câmara Municipal, 308 presidentes de Assembleia Municipal e 4.260 presidentes de Junta de Freguesia.

Dos 9.376.402 eleitores votaram apenas 5.532.575 nas eleições autárquicas, o que corresponde a cerca de 41 por cento de abstenção. Em 2005 estavam inscritos 8.840.223, dos quais votaram apenas 5.390.571 (39 por cento de abstenção), de acordo com dados da Direcção-Geral da Administração Interna (DGAI).

Ora, perante estes totais, é de salientar o aumento do número de novos eleitores (cerca de 600 mil) e o número de «eleitores fantasma» que se verificam ainda nos cadernos eleitorais.

Os cadernos eleitorais portugueses contam com cerca de 650 mil eleitores que não existem de facto, um número que cria uma abstenção fictícia de cerca de sete por cento, mas que conta para a estatística final. De acordo com a DGAI existem mais de 9,3 milhões de eleitores portugueses nos cadernos eleitorais, um número que não é verdadeiro porque só existem 8,6 milhões de portugueses maiores de idade, segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE).

Participação dos eleitores é «excelente»

Contactado pela Lusa, o politólogo Adelino Maltez não acredita nas estatísticas da abstenção que têm sido divulgadas em relação aos três últimos actos eleitorais, devido a esta questão.«Estatisticamente dá-nos a ideia de que a taxa de abstenção é elevada, mas a verdade é que tivemos excelentes votações em termos de participação cívica. Estamos na média europeia, o que é muito bom», afirmou à Lusa.

Adelino Maltez adverte que «ninguém pode fazer uma análise de uma coisa que é uma incerteza», dizendo que «Portugal gosta muito de dar tiros nos pés».

Há ainda um «mito», segundo o politólogo, que foi «desfeito» nestas eleições autárquicas: «Há uns atrasadinhos do interior do Portugal profundo, conservadores desenvolvidos do litoral e das grandes cidades, onde curiosamente houve grandes alterações eleitorais».
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