Europeias: PS, PSD e CDS podem afastar-se da maioria - TVI

Europeias: PS, PSD e CDS podem afastar-se da maioria

Defendeu o sociólogo Adelino Maltez

O sociólogo Adelino Maltez defendeu esta segunda-feira que o resultado das eleições europeias mostra a existência de uma fragmentação política em Portugal que poderá levar os partidos PS, PSD e CDS a perder a maioria para governar.

O resultado das europeias «pronuncia uma novidade no sistema político português e no regime que é a soma do PS e PSD e CDS poder nem sequer ter força para encabeçar uma maioria», afirmou em declarações à agência Lusa.

Para Adelino Maltez, a votação apresentou «uma fragmentação à esquerda e à direita», como demonstrou o facto de o partido Livre ter ultrapassado, no concelho de Lisboa, o Bloco de Esquerda, podendo também verificar-se, no curto prazo, outros fenómenos como o desenvolvimento de uma extrema-direita em Portugal.

«Podemos entrar numa criatividade do sistema político português, porque ele também está muito velhinho», referiu o politólogo e professor universitário.

Em relação aos resultados da Europa no conjunto, Adelino Maltez destacou o facto de Portugal ter entrado novamente em contraciclo.

«A maioria da Europa votou à direita ¿ isto excluindo a extrema-direita ¿ e Portugal tem, sem dúvida, o terceiro partido socialista mais votado da União Europeia e, certamente, um dos maiores partidos comunistas da Europa senão do mundo», disse.

De acordo com o investigador, «toda a Europa entrou em complexidade», já que, apesar de o PP ter ganhado em Espanha, a esquerda republicana da Catalunha e os independentistas tiveram um «crescimento exponencial».

Lembrando o «mosaico» que a Europa demonstrou ser, Adelino Maltez sublinhou que os resultados das europeias mostram «sinais de convergência e de divergência» com a integração e afirmou que «se houver políticos à altura, [esta votação] pode contribuir para a integração dos europeus no sistema e fazer com que isto não seja apenas um jogo entre o partido socialista europeu e o partido popular europeu».

Já o reforço da extrema-direita na Europa e nomeadamente em França é, para Adelino Maltez, um bom sinal para a democracia.

«É bom as pessoas utilizarem os partidos políticos [para se expressarem] e não andarem a partir montras nem darem tiros. A democracia existe para expressar todos. A votação de extrema-direita é uma vitória da democracia porque é pelo voto que eles se expressam», alegou o politólogo.

Também o recorde da abstenção é visto por Adelino Maltez como uma decisão a respeitar.

«Há muitos que não foram lá [votar] porque pensaram muito bem. E muitos foram votar branco, o que também é um voto consciente», defendeu, acrescentando que «a decisão de nada dizer é uma decisão».

Em Portugal, o PS venceu as eleições europeias de domingo, com uma margem inferior a quatro pontos percentuais sobre a Aliança Portugal (PSD/CDS-PP), e a abstenção atingiu o valor recorde de 66%.

A CDU conseguiu um dos seus melhores resultados de sempre ¿ e deverá passar de dois para três eurodeputados -, o BE caiu para menos de metade em relação a 2009 e a surpresa da noite foi o resultado do MPT ¿ Partido da Terra, com a eleição pelo menos do seu cabeça-de-lista, António Marinho e Pinto.
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