Marcelo rejeita "centrão artificial" e elogia Governo - TVI

Marcelo rejeita "centrão artificial" e elogia Governo

Marcelo Rebelo de Sousa

Num discurso de cerca de 45 minutos, Presidente da República lembrou as perspetivas negativas quanto à estabilidade em Portugal, no início do ano, e a evolução bem conseguida que se seguiu

O Presidente da República elogiou esta quarta-feira a atual fórmula governativo, com o PS no poder e o apoio parlamentar de BE, PCP e PEV, realçando que a estabilidade política e social nestes moldes superou as expectativas. Daí que, pelo contexto,  "um centrão artificial imposto na governação do país seria pouco clarificador".

Ora bom, conseguimos garantir a estabilidade política que se considerava questionável. Estabilidade na existência de Governo, estabilidade nas relações entre Governo e Assembleia da República, com uma fórmula governativa particularmente complexa e nunca ensaiada em Portugal, na cooperação institucional entre o Governo e o Presidente da República".

Marcelo Rebelo de Sousa defendeu esta posição num discurso de cerca de 45 minutos, na abertura da conferência "Que direção para Portugal e a Europa?", promovida pelo Jornal de Negócios, no ISCTE - Instituto Universitário de Lisboa.

Neste momento, tudo o que seja configurar um centrão artificial imposto na governação do país seria pouco clarificador. O clarificador é conhecer-se exatamente aquilo que é proposto por cada uma das fórmulas governativas que no momento existem, e que podem existir e desejavelmente deveriam existir até ao fim da legislatura"

Antes, Marcelo Rebelo de Sousa referiu que no início deste ano havia "perspetivas tendencialmente negativas" quanto à estabilidade em Portugal e que "uma das dificuldades do novo Presidente era tentar explicar a observadores e a agentes influentes económicos e financeiros que essa perspetiva negativa não era inexorável".

No seu entender, conseguiu-se ainda "garantir um relativo apaziguamento no quadro das forças políticas em presença" e estabilidade "no reajustamento da oposição - ela própria saída do Governo para uma situação diversa".

Há, portanto, uma "estabilidade que é desejável" e ele próprio, enquanto chefe de Estado, diz que "tudo tem feito para que se mantenha", quer com o Governo, quer com a oposição, "no plano dos partidos, como no plano das suas lideranças". "Em ambos os casos, é bom para o país. Isso acabou por entrar na vida dos portugueses, perfilando-se dois caminhos sobre a governação do país, o que é positivo", considerou, citado pela Lusa.

A par da estabilização política, Marceço realçou o "processo de estabilização social". Admitiu que "foram processos complexos e difíceis de pilotar, mas superaram as expectativas". "E estamos quase no fim do ano de 2016 podendo dizer que esses problemas que eram aparentemente inultrapassáveis em fevereiro março deste ano foram razoavelmente ultrapassados", concluiu.

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Sinais vindos dos EUA preocupam

O Presidente considerou por outro lado, na mesma conferência, que "sinais de algum isolacionismo económico, ou, pelo menos, de algum protecionismo económico" da futura administração dos Estados Unidos da América, liderada por Donald Trump, podem afetar o comércio global.

"É muito difícil ter posições muito claras relativamente à nova administração norte-americana. Os primeiros sinais são sinais de algum isolacionismo económico, ou pelo menos de algum protecionismo económico", declarou o chefe de Estado, embora ressalvando que "é cedo para os afirmar".

A posição de princípio perante um tratado internacional [de comércio livre entre a União Europeia e os Estados Unidos] laboriosamente construído relativamente à área do Pacífico parece apontar para algum protecionismo económico, Isso terá consequências no comércio internacional, terá consequências na posição de outras economias dessa área e para além dessa área".

Marcelo deseja que os Estados Unidos "continuem atentos ao mundo, empenhados na paz, no desenvolvimento, no comércio", e "compreendam a importância da União Europeia como um aliado fundamental, nalguns aspetos insubstituível". "E que o seu relacionamento privilegiado com o Reino Unido não signifique menor atenção à União Europeia. Isso é o que podemos desejar", completou.

Sobre a União Europeia, o Presidente da República considerou que vem aí um ano "muito complexo", com referendos e eleições em "várias das economias fundadoras das comunidades europeias", que "não são irrelevantes". Marcelo Rebelo de Sousa mencionou os casos da Itália, dos Países Baixos, da França e da Alemanha. "E teremos depois esse desafio longo, duradouro e complexo que se chama negociações com o Reino Unido",no âmbito do Brexit.

 

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