Sampaio da Nóvoa: “Não podemos deixar que a esperança também emigre” - TVI

Sampaio da Nóvoa: “Não podemos deixar que a esperança também emigre”

O candidato à Presidência da República reconheceu, em entrevista na TVI24, que a política de austeridade que Portugal atravessou “nos retira o futuro, porque nos retira as pessoas, a cultura, o conhecimento, a capacidade de inovação”. Sampaio da Nóvoa admitiu também que o seu “maior problema” não é a falta de notoriedade, mas sim “a confiança” que tem de “conquistar” aos portugueses

Sampaio da Nóvoa, candidato à Presidência da República, admite que o seu maior problema vai ser “conquistar” a confiança dos portugueses. Em entrevista no programa “Política Mesmo”, da TVI24, Sampaio da Nóvoa disse não estar preocupado com o facto de os portugueses não o conhecerem.
 

“Acho que as pessoas vão ter o tempo para me conhecer. O meu grande desafio não vai ser as pessoas conhecerem-me. Conhecer alguém é muito fácil e faz-se muito rapidamente. Eu sinto isso já agora… Não creio que aí esteja o problema. O problema vai estar em as pessoas terem confiança em mim. O que vai definir esta eleição é a confiança que eu seja capaz de inspirar nos portugueses. A confiança de que eu não falto à palavra, a confiança de que falo às pessoas com autenticidade, que não vou dizer coisas mais politicamente corretas para ajeitar um certo estilo.”

 

“A confiança eu reconheço que vai ser um problema, porque tem de se trabalhar muito para conquistar essa confiança. A notoriedade não creio.”

 

“Não quero ser o Presidente que só diz coisas”

 
Sampaio da Nóvoa define-se como um homem de Esquerda: “Sempre fui de uma Esquerda livre, de uma Esquerda democrática, de uma Esquerda independente”, para quem a palavra assume uma importância extrema. “Sobretudo num presidente da República é um elemento extremamente decisivo. (…) Não quero ser o Presidente que só diz coisas. Quero ser um Presidente que ouve coisas e que fala com os portugueses”, sublinhou
 
Para o candidato presidencial e antigo reitor da Universidade de Lisboa, Portugal tem atravessado uma falta de discussão das questões europeias. E encontra justificações para isso: “Em Portugal houve uma adesão muito forte à União Europeia, que num certo sentido resultou do que foi a crise do império, do que foi o 25 de Abril e da necessidade, como sociedade, de aderirmos a um outro projeto que nos desse uma reconstrução das nossas identidades (…) Mas nunca houve um debate sério e informado em Portugal sobre as questões europeias.”
 

“Num certo sentido, estamos a pagar hoje a falta desse debate.”

 
Sampaio da Nóvoa voltou a criticar a austeridade “como política, como ideologia”, que o candidato diz levar “à precaridade do trabalho, ao desemprego, à emigração”. “Foi isso que tivemos até agora. E foi isso que tivemos numa dimensão que nos retira o futuro, porque nos retira o melhor que nós temos para o futuro, que são as pessoas, a cultura, o conhecimento, a capacidade de inovação”, sublinhou.
 

“Não podemos deixar que a esperança também emigre”, rematou.

 
 

“Quero ser um Presidente de causas”

 
Numa entrevista de mais de 45 minutos, Sampaio da Nóvoa admitiu que a sua candidatura “pode provocar incómodos” e recusou comentar o mandato de Cavaco Silva.
 
Sampaio da Nóvoa confessou não gostar da palavra “interventivo”, por lhe parecer querer transmitir que o Presidente se estaria a imiscuir em assuntos que não lhe dizem respeito. Prefere a palavra “ação”.
 

“Quero ser um presidente de causas. E essas causas serão as causas centrais do meu mandato. Não são causas de Governo, não são programas de Governo”, resumiu.

 
Questionado se estaria disposto a usar a chamada ‘bomba atómica’, à semelhança do que fez Jorge Sampaio quando demitiu o Governo de Santana Lopes e destituiu o Parlamento, Sampaio da Nóvoa foi perentório:
 

“O Presidente tem de estar disponível para utilizar todos os poderes que a Constituição lhe confere, mas não mais do que esses. (…) Em particular a dissolução do Parlamento é um poder que o Presidente, na sua avaliação de determinada situação política, se entender que deve ser renovada a legitimidade democrática deve obviamente utilizá-lo.”

 
“Nenhum candidato a Presidente da República lhe poderia dizer que só vai utilizar uma parte dos poderes que a Constituição lhe confere”, rematou.
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