Sócrates: «O meu plano é tirar Portugal rapidamente deste filme negro» - TVI

Sócrates: «O meu plano é tirar Portugal rapidamente deste filme negro»

Entrevista do primeiro-ministro à TVI. Admite que não conseguiu prever o país, defende Portugal, garante não precisar da ajuda do FMI e deixou a certeza de que não pretende fazer uma remodelação governamental

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O primeiro-ministro continua confiante, assegura estar a fazer o melhor que pode e que sabe e espera poder tirar Portugal da crise até ao fim de 2011. Garante que não está a pensar fazer uma remodelação governamental, deu a entender que não vai abdicar do TGV e deixou a certeza, em entrevista à TVI:

«O meu plano é tirar Portugal rapidamente deste filme negro da dívida soberana»

Sócrates repetiu argumentos utilizados no Parlamento ou em entrevistas. Considera que o facto das taxas de juro continuarem a aumentar nada tem a ver com o Orçamento. Aliás, a sua aprovação poderá levar a uma alteração nesse comportamento: «É uma boa notícia para os mercados».

O primeiro-ministro aproveitou para relembrar que a crise não afectou apenas Portugal, mas «todos os países desenvolvidos». «O problema não é apenas português», recordou, mas isso não o vai levar a despedir 500 mil funcionários públicos, como vai acontecer no Reino Unido: «Aqui não se despedirá ninguém».

A crise que ninguém previu

Fazendo uma análise às origens da situação difícil actual, o primeiro-ministro admite que não conseguiu antecipar a crise, mas também aí a responsabilidade é partilhada por todos.

«Eu não antecipei esta crise, nem os pobres dos governantes americanos, nem os alemães, nem os franceses ou os espanhóis. Ninguém previu a maior crise dos últimos 80 anos», vincou, falando nos estímulos à economia e a existência de um fenómeno inédito, que é a «crise da dívida soberana».

«Este esforço vai contribuir para que em 2011 ultrapassemos a crise», frisou, assegurando que não haverão medidas adicionais: «Este Orçamento não prevê nenhuma receita extraordinária. Queremos que a redução do défice seja efectiva».

Quanto aos 500 milhões de euros que faltam, em resultado do acordo com o PSD, repetiu o argumento de que serão garantidos através do «corte na despesa pública primária», em «todos os ministérios», e não através de cortes sociais.

Resultado de um compromisso, Sócrates considera que a proposta do Governo «era melhor e mais justa do que a do PSD», mas a verdade é que foi necessário «fazer cedências».

BPN, Ferreira Leite e TGV

Os buracos no orçamento subsistem, como o investimento para salvar o BPN. José Sócrates está convicto de que a operação de nacionalizar foi correcta e espera que a venda seja concretizada. «É um projecto que vais ser atraente, por isso tenho muita confiança que vai ser vendido. Vai haver compradores», frisou.

O primeiro-ministro está confiante, mesmo num dia complicado, com discussão e aprovação do Orçamento do Estado na Assembleia da República. Um dia em que Ferreira Leite se destacou: «É verdade que a elogiei. Também nunca pensei em elogiar Ferreira Leite».

Mas a ex-líder do PSD questionou o Governo, nomeadamente em relação ao TGV. Sócrates deu a entender que o projecto vai avançar, mas tem de convencer o PSD. «Sou o primeiro interessado em desfazer as dúvidas, analisando os estudos custo-benefício. O investimento é positivo para a economia e podemos iniciar a construção após a avaliação», explicou, lembrando que o financiamento do Banco Europeu do Investimento não deve ser desperdiçado.

Apesar das dificuldades orçamentais, Sócrates garante que consegue resolver os problemas do país sem intervenção externa: «Não admito recorrer ao FMI. Portugal não precisa de ajuda para resolver os problemas e até seria prejudicial para o país.

Faço tudo para defender os interesses do país».

O primeiro-ministro admite que os portugueses possam estar descontentes: «Faço o meu melhor pelo país. Nunca ninguém me ouvirá dizer que o país está de tanga ou de joelhos. A minha responsabilidade é de acção».

Uma última nota e uma dúvida esclarecida. «Qual é a remodelação ministerial que vai fazer?», questionou Henrique Garcia. «Sabe mais do que eu. A remodelação depende de mim. Não entendo fazer nenhuma remodelação orçamental. Para mim a estabilidade política é importante».
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