Kosovo inicia contactos para independência

Os líderes albano-kosovares iniciam esta segunda-feira contactos com a União Europeia (UE) e os Estados Unidos para acertar os pormenores de uma eventual declaração unilateral da independência do Kosovo e assegurar o seu reconhecimento internacional, noticia a Lusa.

O prazo adicional para as negociações com os sérvios terminou hoje sem que tenha sido alcançado qualquer acordo quanto ao estatuto da província sérvia, administrada desde 1999 pelas Nações Unidas.

O relatório da «troika» de mediadores (União Europeia, Estados Unidos e Rússia) já foi entregue ao secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, e deverá ser debatido pelo Conselho de Segurança a partir de 19 de Dezembro.

Depois de uma reunião entre o governo autónomo e a oposição realizada hoje na capital da província, Pristina, o porta-voz da equipa de negociadores albaneses, Skender Hyseni, anunciou que a partir de hoje iniciam-se «intensas consultas com os parceiros internacionais do Kosovo» sobre os passos a dar até à proclamação da independência.

EUA e vários países europeus apoiam independência

Os Estados Unidos e vários dos países europeus que apoiam a independência do Kosovo pediram expressamente aos líderes kosovares que coordenem as acções a tomar para permitir uma transição pacífica.

Os ministros dos Negócios Estrangeiros da UE estão reunidos em Bruxelas, num conselho presidido pelo ministro português, Luís Amado, com o objectivo de alcançar uma posição comum sobre o Kosovo, depois de países como a Espanha, Grécia e principalmente Chipre terem manifestado reservas a uma independência da província.

Há oito anos à espera da independência, centenas de albaneses do Kosovo manifestaram-se hoje pacificamente no centro de Pristina, naquele que deverá ser o único acto a assinalar a data de 10 de Dezembro, fim do prazo das negociações.

Para alguns dos participantes na manifestação, e já que os dirigentes albano-kosovares querem reunir o apoio internacional antes de declarar a independência, a próxima data escolhida deve ser 24 de Março.

«Queremos que o dia da independência seja a 24 de Março, porque desde esse dia (em 1999) que vivemos em liberdade», disse uma estudante, citada pelas agências internacionais.

Essa data corresponde ao dia em que a NATO iniciou os bombardeamentos contra as tropas sérvias do então presidente Slobodan Milosevic que entraram no Kosovo para aniquilar a guerrilha separatista albanesa do UÇK (Exército de Libertação do Kosovo).

Desde o final dos bombardeamentos, que se prolongaram por quase três meses, a província é administrada pela ONU e vigiada por uma força militar da NATO, a KFOR.

UE: dossier Kosovo deve transitar para Eslovénia

A questão do futuro estatuto do Kosovo, está numa fase decisiva, mas o momento das grandes decisões deverá acontecer já depois do termo da presidência portuguesa da União Europeia, a que se segue da Eslovénia.

De acordo com a agência Lusa, fontes diplomáticas consideram improvável que o cenário mais temido, mas que parece cada vez mais inevitável - a proclamação unilateral de independência por parte da província sérvia sem o consentimento de Belgrado - conheça desenvolvimentos decisivos nos próximos dias ou mesmo durante a presidência portuguesa, que termina a 31 de Dezembro.

Neste cenário, aquele que é considerado um dos «dossiers» mais «explosivos» da actualidade, face à reacção da Sérvia e consequências que pode ter nos Balcãs, transitará assim para a próxima presidência da União Europeia, já que a 31 de Dezembro Portugal vai passar o testemunho à Eslovénia.