«PSD tem uma estratégia do toca e foge» - TVI

«PSD tem uma estratégia do toca e foge»

Vitalino Canas [Foto de Cláudia Costa]

Vitalino Canas analisa primeiros cem dias de Passos Coelho na liderança dos sociais-democratas

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O dirigente socialista Vitalino Canas vê na liderança de Pedro Passos Coelho no PSD uma tentativa de mostrar «sentido de Estado», que esbarra com uma estratégia de «toca e foge», de «desvinculação» a medidas para as quais o partido contribuiu.

Questionado sobre os 100 dias de Passos Coelho à frente do PSD, Vitalino Canas encontra «uma mudança de estilo em relação às lideranças anteriores», considerando que o partido «procurou ter uma postura mais positiva no que diz respeito às políticas e às decisões do país».

«Por outro lado, também podemos constatar que essa mudança de estilo tem sido acompanhada por uma estratégia, porventura insustentável para o futuro, que é uma estratégia um pouco de toca e foge», afirmou à Lusa Vitalino Canas.

Segundo o deputado socialista, nessa estratégia, «o PSD procura mostrar sentido de Estado e que está disponível para alguma concertação, alguns acordos, apoiar algumas medidas necessárias, mas, depois logo a seguir, procura desvincular-se dessas medidas, ou não cria as condições necessárias e suficientes para que as medidas possam ser concretizadas».

Vitalino Canas ilustra essa «estratégia» com a questão das SCUT, uma das medidas do PEC a que o PSD «parece reticente em dar sequência», e com a reacção social-democrata à utilização da golden share por parte do Estado para vetar o negócio da venda da participação da PT na brasileira Vivo aos espanhóis da Telefónica.

«O PSD está contra o negócio mas não usaria os meios necessários para que isso pudesse ser impedido», sublinhou.

O deputado socialista desvaloriza, por outro lado, o crescimento nas sondagens que os sociais-democratas têm alcançado, referindo que «não está para breve a realização de eleições para a Assembleia da República, e, portanto, as pessoas quando respondem às sondagens respondem com alguma liberdade».

«Há também uma postura eventualmente mais dialogante do que aquela que houve no passado de anteriores lideranças. Tudo isso contribui, obviamente, para que os portugueses tradicionais apoiantes do PSD se sintam mais à vontade de manifestar as suas opções nessas sondagens», argumentou.

Por outro lado, Vitalino Canas afirma que há que «ter em conta também que o Partido Socialista no Governo está a ser obrigado a assumir medidas e políticas que são, algumas delas, impopulares».

O deputado socialista afirmou-se, contudo, «confiante» em que «haverá uma altura em que essas sondagens irão dar, de novo, o PS numa posição mais favorável».

Isso acontecerá pela «constatação de que o PSD também não tem alternativas a estas políticas», e com a constatação de uma postura do PSD «de que às vezes está contra, outras está a favor».
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