Marcelo Rebelo de Sousa afirmou este domingo no comentário semanal na RTP que José Sócrates se «fragiliza por esta hipersensibilidade em relação à comunicação social». Mas, apesar de considerar que tem havido uma «descredibilização do Primeiro-Ministro na opinião pública portuguesa», defende que «não faz sentido uma crise política».
«Este Primeiro-Ministro não pode ficar fragilizado por este tipo de episódios e fragiliza-se por esta hipersensibilidade em relação à comunicação social», afirmou sobre as escutas do processo Face Oculta divulgadas este fim-de-semana. Para o social democrata, nas escutas há uma «confirmação do que já sabíamos que ele sabia da PT a nível, dizia ele, não oficial. Isto é muito mau».
Mas questionado sobre se a situação actual «dá razão aos que pedem a demissão», o professor foi peremptório: «Não. Isso é uma tonteria. É uma tonteria igual à que vivemos esta semana quando se falou que o Governo poderia pedir a demissão no meio desta situação ou o ministro das Finanças. Não faz o mínimo sentido», disse.
«Nem faz o mínimo sentido que o Presidente da República, perante um partido que foi eleito para governar há quatro meses, por muito grande que seja a debilitação política e psicológica e a descredibilização do Primeiro-Ministro na opinião pública portuguesa, provoque uma dissolução do Governo e uma crise política», adiantou.
Perante o panorama actual, o comentador considera que PS e PSD estão condenados a entenderem-se em nome do interesse do país. «A situação difícil em que está o país exige um entendimento no sentido do PEC ser apoiado por todos, os Orçamentos do Estado serem viabilizados porque não vai ser possível enfrentar esta realidade sem o apoio ou contra o PSD, como não é possível enfrentar sem a intervenção ou contra o PS», acrescentou.
PGR devia ter aberto inquérito
Sobre o conteúdo das escutas, o comentador social-democrata evitou pronunciar-se muito, mas defendeu que por ser um assunto político, deve ser discutido no Parlamento.
Marcelo Rebelo de Sousa considerou ainda que o semanário trouxe à praça pública informações relevantes, como o despacho do Juiz de Aveiro, onde o magistrado diz que encontrou indícios de que havia um plano do Governo para tentar controlar a comunicação social. O professor entende que esta revelação é grave e defende que o Procurador-Geral da República, Pinto Monteiro, deveria ter aberto um inquérito, não para investigar a possível violação do segredo de Justiça, mas para avaliar se estes indícios detectados pelo juiz de Aveiro, ainda que «vagos», têm fundamento.
«Seria uma tonteria a demissão de Sócrates»
- Redação
- SM
- 8 fev 2010, 11:01
Marcelo diz que há uma «descredibilização do Primeiro-Ministro», mas considera que não se justifica «uma crise política»
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