Sócrates: «Quem pensa que me vence desta forma está enganado» - TVI

Sócrates: «Quem pensa que me vence desta forma está enganado»

Freeport de Alcochete

PM demarca-se dos negócios da família e considera email do primo «um abuso de confiança»

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«Aqueles que pensam que me vencem desta forma estão enganados», referiu este sábado o primeiro-ministro, numa declaração à imprensa a respeito do caso Freeport.

José Sócrates que falava na Alfândega do Porto, à margem do Fórum Novas Fronteiras, insurgiu-se contra as fugas de informação para a imprensa no âmbito do processo, acrescentando:

«Não tenho dúvidas que estas fugas se destinam a enfraquecer-me». «Vou lutar para defender a minha honra», assegurou.

O primeiro-ministro esclareceu ainda que a alusão à concidência de timings entre o processo e os anos eleitorais nada tem a ver com a investigação em si.

«Não me referia às diligências, as investigações não devem parar em ano de eleições, mas à divulgação dessas iniciativas», acentuou.

No mesmo encontro, Sócrates demarcou-se dos negócios da família.

«Se existe um email de um filho do meu tio para o Freeport reclamando uma qualquer vantagem para si invocando o meu nome, considero isso uma abuso de confiança. Essa invocação é absolutamente ilegítima e inadmissível». O primeiro-ministro aludia a um email que o primo terá enviado à Freeport a exigir uma contrapartida pelo facto de ter intermediado uma reunião com o então ministro do Ambiente, José Sócrates.

«Tenho afecto e estima pelo meu tio. Tenho-o como uma pessoa séria e íntegra, mas não tenho nada a ver com a actividade empresarial do meu tio», sublinhou.

O primeiro-ministro voltou a admitir que «houve uma reunião onde esteve presente», no Ministério do Ambiente, com intervenção do autarca de Alcochete, dos técnicos e dos promotores do Freeport». O «encontro alargado» serviu «para esclarecer a posição do Ministério do Ambiente, as razões para ter chumbado e as exigências ambientais».

«Essa reunião foi a única em que participei por insistência e a pedido do presidente da Câmara Municipal de Alcochete», sublinha José Sócrates.

«Pode acontecer, não me lembro mas admito que tenha acontecido, que o meu tio me tenha pedido» que viabilizasse um encontro com os promotores do Freeport, refere o PM, deixando claro que «a reunião só aconteceu por pedido do presidente da Câmara de Alcochete».

Sócrates refere ainda que «nunca participou em nenhuma outra reunião com outros promotores do Freeport» e que «tudo o que possa ser dito a esse respeito não é mais do que um insulto e uma difamação».

Tal como fizera anteriormente, o antigo ministro do Ambiente referiu que o licenciamento do projecto «obedeceu a todas as normas e exigências ambientais». A Freeport «não teve tratamento de excepção ou de favor», assegura.

Sobre o DVD que as autoridades inglesas terão feito chegar ao Ministério Público português em que Charles Smith, sócio da consultora Smith & Pedro em conversa com um administrador da Freeport justifica o descaminho de milhões de libras para «pagamentos corruptos» combinados numa reunião com José Sócrates, sobre isto, o PM refere que essas afirmações «são um insulto, uma mentira e uma difamação».

Sócrates garante nem sequer conhecer pessoalmente o referido consultor inglês e remete as suspeitas para o comunicado da Procuradoria Geral da República que é taxativo ao afirmar «que não existem suspeitas em relação a anteriores ou actuais membros de governos».

O primeiro-ministro, e ministro do Ambiente do governo socialista de Guterres à altura dos factos, manifestou-se ainda disponível para ser ouvido pelas autoridades judiciais. «Com certeza, todos os cidadãos estão disponíveis para isso», afirmou, quando questionado sobre a sua abertura para ser ouvido pelas autoridades judiciais se solicitado para o efeito.
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