Os trabalhadores dos estaleiros de Viana apelaram ao ministro da Defesa que assuma a permanência da empresa no setor empresarial do Estado como alternativa à reprivatização depois de Aguiar-Branco ter admitido que este processo está «inquinado».
«Apelamos para que pare o processo de reprivatização e viabilize a empresa, o que passa por colocar a empresa a trabalhar, começando a construir os navios asfalteiros para a Venezuela. Só depois deve pensar numa solução empresarial mais adequada», afirmou o porta-voz da comissão de trabalhadores.
António Costa reagia às declarações do ministro da Defesa que hoje, no parlamento, admitiu que a investigação lançada pela Comissão Europeia aos apoios públicos de 180 milhões de euros atribuídos aos Estaleiros Navais de Viana do Castelo (ENVC) «inquina de forma dramática» a sua reprivatização.
Questionado pelos deputados, José Pedro Aguiar-Branco admitiu outros cenários para a empresa, assumindo que o processo está «complicado» e que a hipótese da reprivatização dos estaleiros se mantém, mas que poderá seguir-se «outra qualquer».
Os trabalhadores dos ENVC afirmam que as alternativas à venda devem passar pela «viabilização» da empresa e a «manutenção no setor empresarial do Estado», mas «com uma administração com visão de futuro e uma direção comercial que não fique à espera que as encomendas caiam do céu».
«Pode ser como empresa pública ou abrindo parte ao capital privado, mas que o Estado mantenha sempre uma percentagem, até tendo em conta as construções que terão de ser feitas para a Marinha», afirmou António Costa.
Esta manhã, ao mesmo tempo que o ministro admitia as dificuldades no processo de reprivatização, mais de mil pessoas voltavam a sair às ruas da cidade de Viana do Castelo para a quarta manifestação em defesa dos ENVC e dos atuais 625 postos de trabalho desde 2011.
O protesto terminou na praça central da cidade com centenas de trabalhadores, ex-funcionários e a população a entoar «Grândola Vila Morena» e várias palavras de ordem contra o Governo, antes de um plenário que aprovou uma moção denunciando o «terrorismo psicológico imposto» aos trabalhadores, praticamente parados desde 2011.
A moção, a enviar ao Governo e ao Presidente da República, exige ainda o «cancelamento imediato» do «moribundo e maquiavélico» processo de reprivatização dos estaleiros e a continuidade da empresa na esfera do Estado, com a criação de «todas as condições necessárias para o início da construção dos asfalteiros para a Venezuela». Nomeadamente a disponibilização de cerca de 10 milhões de euros para aquisição de matéria-prima.
Trata-se de um contrato de 2010, no valor de 128 milhões de euros, em que, por ainda não ter sido iniciado, o «risco de rescisão é real e extremamente preocupante», diz a moção.
Os trabalhadores dizem-se dispostos a esperar por uma solução que permita a viabilização da empresa apenas até ao mês de março. «Se o senhor primeiro-ministro ou senhor ministro da Defesa não tiverem disponibilidade para finalmente visitarem a nossa empresa ou anunciarem uma solução, os trabalhadores estão prontos para ir para Lisboa, lutar pela empresa até à exaustão», rematou António Costa.
Estaleiros: trabalhadores querem que empresa continue pública
- tvi24
- LF
- 20 fev 2013, 13:52
Como uma alternativa à reprivatização
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