João Ferreira é o candidato da CDU à Câmara de Lisboa - TVI

João Ferreira é o candidato da CDU à Câmara de Lisboa

Nas autárquicas de 2013, a CDU arrecadou 9,58% dos votos, o equivalente a 22.519, conquistando assim dois mandatos, um deles atribuído a João Ferreira e outro a Carlos Moura

O comunista João Ferreira, atualmente vereador da Câmara de Lisboa e deputado no Parlamento Europeu, é o candidato da CDU à presidência do município da capital nas eleições autárquicas deste ano, informou fonte da candidatura, esta quinta-feira.

Como adversários já conhecidos nas eleições autárquicas, terá o atual presidente, o socialista Fernando Medina (sucessor de António Costa), e a presidente do CDS-PP, Assunção Cristas.

João Ferreira salientou que as eleições autárquicas deste ano podem ser "o fecho de um ciclo" na capital, depois de 16 anos de gestão socialista e PSD/CDS-PP.

As próximas eleições autárquicas poderão significar, em Lisboa, o fecho de um ciclo. Dezasseis anos depois, a opção é entre mais do mesmo ou o início de um novo ciclo, de mudança, de desenvolvimento e de progresso", disse o candidato, em conferência de imprensa, nos Paços do Concelho.

Para o vereador, a candidatura da CDU "corporiza esta oportunidade".

Não chegámos hoje nem ontem.[...] E é sobre um terreno firme, seguro e confiável do trabalho realizado ao longo dos anos que erguemos os alicerces de uma futura governação da cidade", vincou.

Falando perante uma audiência de cerca de 50 pessoas, entre os quais militantes e deputados municipais, o candidato elencou que, durante estes dezasseis anos, as "políticas de urbanismo (...) deixaram a cidade à mercê do especulador imobiliário"; se "alargou o fosso social"; as "dificuldades no acesso à habitação expulsaram da cidade centenas de milhares de lisboetas, em especial jovens" e assistiu-se ainda à "degradação da atividade económica".

No que toca à mobilidade, "o transporte público chegou a uma situação deplorável, especialmente o Metro e a Carris" e os "problemas do trânsito e do estacionamento acentuaram-se".

Isso teve reflexos a nível ambiental, nomeadamente na qualidade do ar e do ruído, que "se mantêm a níveis muito insatisfatórios".

Ao mesmo tempo, verificou-se o "desmembramento e esvaziamento de serviços municipais essenciais e o desinvestimento noutros, da higiene urbana aos espaços verdes, passando pelo saneamento e a proteção civil", indicou.

João Ferreira criticou também que, "por regra, os interesses particulares sobrepuseram-se aos interesses coletivos", e aludiu a casos de "entrega a privados de património emblemático da cidade", como o cineteatro Capitólio, o Pavilhão Carlos Lopes, edifícios do Terreiro do Paço, zonas da frente ribeirinha e de Monsanto e terrenos do aeroporto e na Colina de Santana.

Mas talvez a mais simbólica negociata (...) tenha sido a do caso Bragaparques", assinalou, falando na "partilha de responsabilidades" entre o PSD, CDS-PP e PS no processo de permuta e venda dos terrenos do Parque Mayer e Entrecampos, atos entretanto considerados nulos pelos tribunais.

Questionado pelos jornalistas sobre possíveis acordos de coligação pós-eleições, João Ferreira afirmou: "Temos por hábito, nas autarquias nas quais somos maioria, distribuir também pelouros às forças da oposição. Outros cenários, que poderão resultar das eleições, a seu tempo os iremos analisar".

Já sobre uma possível saída do Parlamento Europeu apontou que já a equacionou em 2013 - caso fosse eleito presidente da autarquia - e "agora não será diferente".

Nas autárquicas de 2013, a CDU (constituída pelo PCP e pelo Partido Ecologista "Os Verdes") arrecadou 9,85% dos votos, o equivalente a 22.519, conquistando assim dois mandatos, um deles atribuído a João Ferreira e outro a Carlos Moura.

À frente ficaram o PS - cuja lista integrou os movimentos "Cidadãos por Lisboa" e "Lisboa é muita gente" -, com 50,91% (116.425) dos votos e 11 mandatos, e a coligação PSD/CDS-PP, com 22,37% (51.156) dos votos e quatro mandatos.

Nas eleições de 2009, a CDU elegeu um vereador.

João Manuel Peixoto Ferreira, de 38 anos, biólogo de formação e doutorado em Ecologia, já encabeçou as listas da Coligação Democrática Unitária (CDU) para Lisboa (2013) e Bruxelas (2014).

João Ferreira desempenha funções no Parlamento Europeu desde 2009, quando foi eleito como “n.º 2”, depois de Ilda Figueiredo, acumulando-as com o cargo de vereador sem pelouro da Câmara Municipal de Lisboa desde 2013. Enquanto estudante, além de membro da Junta de Freguesia da Ameixoeira, aproximou-se da política, fundando e presidindo à Associação de Bolseiros de Investigação Científica, entre 2003 e 2007.

Na Faculdade de Ciências da Universidade de Nova de Lisboa, João Ferreira pertenceu à direção da associação de estudantes, ao conselho diretivo, à assembleia de representantes e ao conselho pedagógico.

O cientista teve bolsas de investigação, no Instituto de Higiene e Medicina Tropical da Universidade Nova de Lisboa e no Museu, Laboratório e Jardim Botânico da Universidade de Lisboa, e foi associado do Centro de Ecologia e Biologia Vegetal da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa e Bolseiro de Doutoramento, onde se pós-graduou.

No Parlamento Europeu, o membro do comité central do PCP desde há quatro anos protagonizou um episódio que se tornou viral nas redes sociais, ao chamar a atenção do presidente da Comissão Europeia, o luxemburguês Jean-Claude Juncker, para a sua intervenção enquanto aquele responsável comunicava distraidamente via telemóvel com a mulher.

Em Bruxelas, o autarca lisboeta (sem pelouros), que foi técnico superior da Associação Intermunicipal de Água da Região de Setúbal e tem presença regular em debates e comentários na televisão por cabo SIC Notícias, é membro efetivo da Comissão das Pescas e dos Assuntos Marítimos e suplente na Comissão da Industria, Investigação e Energia, além de vice-presidente da Delegação à Assembleia Parlamentar Paritária ACP-EU (África, Caribe e Pacífico-União Europeia).

No partido, João Ferreira está entre os dirigentes da Organização Regional de Lisboa e do Setor Intelectual local do PCP.

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