"Não há outra forma de estar na UE sem ser uma forma crítica” - TVI

"Não há outra forma de estar na UE sem ser uma forma crítica”

  • Sofia Santana
  • 7 mai 2019, 23:33

A cabeça de lista do Bloco de Esquerda às Eleições Europeias, Marisa Matias, afirmou, esta terça-feira, numa entrevista na TVI24, que "a UE não responde aos problemas concretos das pessoas" e que o país "deve ir mais longe" na confrontação europeia

Marisa Matias considera que “não há outra forma de estar na União Europeia (UE)”, sem ser uma “forma crítica”. A cabeça de lista do Bloco de Esquerda (BE) às Eleições Europeias afirmou, esta terça-feira, numa entrevista na TVI24, que "a UE não responde aos problemas concretos das pessoas" e que o país "deve ir mais longe" na confrontação europeia.

A UE não está a responder a nenhum dos seus problemas estruturantes, nem está a responder aos problemas concretos das pessoas”, frisou.

Numa entrevista conduzida pelo jornalista José Carlos Araújo e pelos comentadores da TVI Manuela Ferreira Leite, Constança Cunha e Sá e António Costa, a bloquista afirmou que nos últimos anos a UE converteu-se “numa trapalhada muito grande”, dando os exemplos do Brexit e da crise dos refugiados, “uma crise humanitária sem precedentes”.

Eu não tenho o discurso de que tudo o que corre mal é culpa da UE, mas temos de reconhecer que a UE nos últimos anos se converteu numa trapalhada muito grande. É o Brexit, são as medidas adotadas que não funcionam, é uma crise humanitária sem precedentes que se teima a desviar para aqueles que são vitimas da crise”, sublinhou.

Falando especificamente de Portugal, Maria Matias reconheceu que o país está melhor atualmente, mas que podia ter ido mais longe na confrontação com a Europa.

De resto, a cabeça de lista do BE destacou que “se tivéssemos feito o que a Comissão Europeia queria não poderia haver esta solução governativa”, a "geringonça", e lembrou “a ameaça” europeia em “rejeitar o primeiro orçamento desta maioria parlamentar.

O espaço de crítica é um espaço limitado, mas esta solução mostra e mostrou que se podia ter ido mais longe. (…) Acho que em muitas matérias há condições de irmos mais longe e devemos ir mais longe”, acrescentou.

E para o BE, "não se pode dizer que não há dinheiro porque no que diz respeito aos bailouts, às ajudas diretas à banca e ao salvamento da banca nós estamos a falar de mais de 30% do PIB europeu".

Nesta linha, Marisa Matias defendeu que é preciso haver cooperação europeia em duas áreas fundamentais: a política fiscal e a política ambiental.

 

"Forças democráticas legitimaram e naturalizaram o discurso da extrema-direita" 

Relativamente à política fiscal, o partido propõe uma taxa mínima fiscal que seja comum a todos os países para evitar situações como as que se verificam no Luxemburgo ou na Holanda, que oferecem condições fiscais mais atrativas para as empresas.

Defendemos que haja uma definição para introduzir níveis mínimos de justiça fiscal. Que haja uma inclusão de uma taxa mínima fiscal, uma base comum, que depois deixe margem de manobra aos países para poderem manter a sua política fiscal e as suas opções. Mas que haja um mínimo, para que não continuem a haver situações em que possa ser zero o pagamento de impostos como no Luxemburgo ou na Holanda.”

Questionada sobre a força dos movimentos populistas e de extrema-direita na Europa, Marisa Matias considera que este é "um problema gravíssimo" e que se deve a dois fatores importantes: por um lado, a falta de respostas da UE aos problemas concretos dos cidadãos e, por outro lado, o que considera ser a "naturalização do discurso da extrema-direita". Neste último ponto, Marisa Matias aponta o dedo aos partidos de direita. 

Por um lado a UE não soube dar resposta aos problemas concretos das pessoas e quando numa situação de crise as pessoas têm desemprego, pobreza, há um desinvestimento nos serviços públicos, isso cria um descontentamento enorme e um afastamento em relação às instituições. E esses espaços vazios que foram criados obviamente não ficam vazios muito tempo e foram ocupados pelas forças da extrema-direita. Por outro, houve uma naturalização do discurso da extrema-direita. A crise humanitária que vivemos e a ideia que se criou, falsa, de que estávamos a ser invadidos por refugiados", afirmou.

 

As forças democráticas incluindo a social-democracia e não só apenas a democracia cristã legitimaram e naturalizaram muito o discurso da extrema-direita ao não criarem soluções dignas", atirou. 

 

 "O futuro da gerigonça é até outubro"

Questionada sobre o futuro da "geringonça", Marisa Matias respondeu que o futuro da geringonça é até outubro.

O futuro da gerigonça é ate outubro, ate às eleições, há a questão da Lei de Bases da Saúde, há a questão laboral, há todas as carreiras especiais, há os cuidadores informais, a Lei de Bases da Habitação, há tantas coisas que precisam de ser fechadas. Se me pergunta em relação ao futuro da geringonça eu acho que é até 6 de outubro fechar o que está por fechar."

Já sobre a polémica em torno da contagem integral do tempo de serviço dos professores, a cabeça de lista do BE disse, à semelhança do que já tinha dito Catarina Martins, que não há "uma verdadeira crise"  e que a questão  "é uma espécie de tentativa de apagar a campanha das europeias"

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