O presidente da Câmara Municipal de Lisboa (CML), e candidato pelo PS, Fernando Medina, manifestou esta quarta-feira uma “profunda indignação” com a denúncia anónima recebida na Procuradoria-Geral da República relativa à compra de um imóvel.
Quero manifestar a minha profunda indignação com o que está a acontecer nesta campanha eleitoral. Soube hoje que houve denúncias anónimas feitas ao Ministério Público, denúncias anónimas que foram também feitas chegar por mão de candidaturas adversárias a jornais que fizeram circular factos que são falsos”, disse o atual presidente da CML aos jornalistas, à margem de uma ação de campanha.
Medina quis deixar uma mensagem às candidaturas adversárias, não especificando quem fez a denúncia: “podem tentar, mas não vão conseguir porque nós não vamos desistir desta campanha e de fazer desta campanha aquilo que ela deve ser”.
Para o socialista, esta denúncia foi feita por quem “verdadeiramente não tem projetos para a cidade”.
Estes “factos ofendem a minha honra, a minha honorabilidade, e pretendem atingir o meu bom nome, e quero esclarecer de forma muito clara que essas alegações são totalmente falsas”, vincou.
Na opinião do cabeça de lista do PS, “todos os portugueses percebem que denúncias anónimas que surgem a três semanas de um ato eleitoral só têm um objetivo, que é atingir eleitoralmente uma pessoa”.
Por isso, admite avançar judicialmente.
Entretanto, foram disponibilizados na página da Internet da sua candidatura vários documentos ligados a este caso.
Em resposta enviada à agência Lusa, a PGR confirma que "a matéria relativa à compra do imóvel é referida numa denúncia anónima recebida na Procuradoria-Geral da República em finais de agosto" e que a participação foi remetida ao Departamento de Investigação e Ação Penal de Lisboa "onde se encontra em investigação".
Em causa está um apartamento que era propriedade de uma das herdeiras do grupo Teixeira Duarte e que Fernando Medina adquiriu, em 2016, por 645 mil euros.
Uma rápida pesquisa online mostra que o valor do T4 duplex que o autarca de Lisboa comprou é inferior ao preço de mercado, uma vez que apartamentos do género nas Avenidas Novas são vendidos por mais de um milhão de euros.
Segundo o jornal Público, quando a antiga proprietária adquiriu o imóvel pagou, em 2006, 843 mil euros. Mais 198 mil euros do que pagou Medina passado 10 anos.
No entanto, o autarca afirmou aquele jornal que o preço que pagou está muito acima dos preços de mercado e que quando o apartamento foi colocado à venda, através de uma agência, o valor pedido era de 643 mil euros, tendo oferecido mais 10 mil euros para fazer face a outros interessados.