CDS pede a Marcelo para não se envolver nos conflitos do Governo - TVI

CDS pede a Marcelo para não se envolver nos conflitos do Governo

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  • 14 mai 2020, 20:45
Francisco Rodrigues dos Santos

Francisco Rodrigues dos Santos deixou ainda um reparo direto ao PSD

O presidente do CDS advertiu esta quinta-feira o Presidente da República que deve cingir-se aos seus poderes, não se deixando arrastar para os conflitos no Governo entre o primeiro-ministro e o ministro das Finanças.

Falando aos jornalistas após ter sido recebido pelo primeiro-ministro, António Costa, em São Bento, Francisco Rodrigues dos Santos deixou também um reparo indireto ao PSD, considerando que "é um frete ao Governo" estar a pedir-se a cabeça do ministro de Estado e das Finanças, Mário Centeno.

Francisco Rodrigues dos Santos assumiu que não abordou estas questões atrás mencionadas na conversa com o primeiro-ministro.

Em relação ao Presidente da República, o presidente do CDS recomendou que será "prudente" que Marcelo Rebelo de Sousa "não se deixe arrastar para esse conflito e opte por cumprir os poderes para os quais está mandatado constitucionalmente".

O Presidente da República deve assegurar o regular funcionamento das instituições, não lhe cabendo coordenar a ação do Governo", frisou.

Perante os jornalistas, o presidente do CDS aproveitou também para se demarcar da posição assumida pelo líder social-democrata, Rui Rio, em relação a este caso entre António Costa e Mário Centeno.

Pelo lado do CDS não faremos um frete de pedir a cabeça do ministro das Finanças, sob pena de nos estarmos a substituir ao Governo na resolução deste diferendo que, ao que parece, tem contornos muito dúbios", declarou o líder dos democratas-cristãos.

Neste contexto, Francisco Rodrigues dos Santos salientou que "a competência pela coordenação do Governo cabe ao primeiro-ministro e a existir alguma descoordenação ela deve ser assacada ao chefe do Governo".

A avaliar pelos rasgados elogios que o primeiro-ministro teceu ao ministro das Finanças nos últimos quatro anos, nenhum português diria que seria difícil manter um relacionamento salubre com o Ronaldo das finanças", observou.

Francisco Rodrigues dos Santos reiterou a tese de que "é insultuoso" levar-se para o debate político nacional, na atual fase da vida do país, "um assunto que não diz respeito à grande maioria dos portugueses".

O Governo, em vez de ter um plano para o relançamento da economia e para responder à emergência social, está preocupado com um conflito que gerou internamente. De uma vez por todas, deve ser colocado um ponto final nesta sequência de episódios infelizes que desviam o foco daquilo que deveria ser a missão do Governo", acrescentou.

PAN acusa Marcelo de alimentar crise no Governo

O porta-voz do PAN, André Silva, acusou hoje o Presidente da República de alimentar uma crise no Governo e rejeitou que Mário Centeno transite de ministro das Finanças para governador do Banco de Portugal.

André Silva assumiu estas posições em declarações aos jornalistas, no final de uma reunião com o primeiro-ministro, António Costa, em São Bento, antes de o Governo tomar decisões sobre a segunda fase de reabertura gradual das atividades e estabelecimentos encerrados devido à pandemia de covid-19.

No início da sua intervenção, o porta-voz do PAN quis falar da atualidade política nacional e considerou que houve "responsabilidade política não só do Governo mas também do Presidente da República ao criarem, de facto, uma crise, uma eventual crise política com a saída do ministro das Finanças, que se anteviu, num cenário que não era de todo desejável, porque neste momento aquilo de que o país precisa é de estabilidade política".

Questionado se responsabiliza o chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa, e entende que o ministro das Finanças agiu bem, André Silva respondeu: "Independentemente das razões que existam ou não, esta é uma crise que foi alimentada em grande parte pelo senhor Presidente da República quando, de facto, a situação interna no Governo estaria a ser resolvida. E, de facto, o senhor Presidente da República não esteve bem, como não esteve o Governo".

De acordo com André Silva, contudo, "esta é uma história que já existe desde as legislativas" e sabe-se "há muitos meses" que Mário Centeno "está a prazo, quer ir para o Banco de Portugal", possibilidade que o PAN rejeita.

Para o PAN, "pessoas que tenham ocupado lugares na banca comercial ou no Governo devem passar por um período de nojo mínimo de cinco anos até ocuparem um lugar na administração do Banco de Portugal", afirmou.

Sustentando que Centeno há de sair "dentro de um mês ou de dois meses", o porta-voz e deputado do PAN desafiou o PSD a esclarecer se concorda ou não que o ministro das Finanças assuma o lugar de governador do Banco de Portugal, algo que o próprio "já terá combinado com o senhor primeiro-ministro desde o ano passado".

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