Mário Soares: o último dia para o resto das nossas vidas - TVI

Mário Soares: o último dia para o resto das nossas vidas

Esta terça-feira, o corpo de Mário Soares chega ao cemitério dos Prazeres. No segundo dia de luto nacional, após tributos de figuras portuguesas e estrangeiras e despedidas emotivas do povo que foi o seu

As portas da Sala dos Azulejos do Claustro do Mosteiro dos Jerónimos reabriram às 8:00 e, durante três horas, à semelhança do que sucedeu segunda-feira, mais uns milhares de pessoas prestaram tributo, homenagem ou simplesmente despedem-se do homem que presidiu à República Portuguesa entre 1986 e 1996.

Apesar de esperada, a morte de Mário Alberto Nobre Lopes Soares, sábado, 7 de janeiro, carregou de emoção milhares de populares que acompanharam o primeiro cortejo da urna, segunda-feira, de sua casa para os Jerónimos.

Aí, o primeiro dia de Câmara Ardente mostrou que o primeiro português civil a presidir à República após 60 anos de chefes de Estado militares conseguiu reconciliar na sua figura, esquerda e direita da política portuguesa. E trouxe a Lisboa personalidades e representantes de meio mundo.

Mundo português presente

Entre segunda e esta terça-feira, diversos representantes de países de Língua Portuguesa estão presentes para as exéquias fúnebres de Mário Soares.

Entre os dignatários estrangeiros presentes para o funeral de Mário Soares - alguns dos quais serão recebidos pelo Presidente Marcelo Rebelo de Sousa - contam-se os chefes de Estado do Brasil, Michel Temer, de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca, da Guiné-Bissau, José Mário Vaz, o rei de Espanha, Felipe VI, ou o líder do Parlamento Europeu, Martin Schulz.

Às 11:00, fecharam-se as portas da Sala dos Azulejos. Às 13:00, dita o protocolo de Estado que será celebrada a sessão solene de homenagem ao Presidente Mário Soares.

No final, a urna regressa ao armão com escolta da Guarda Nacional Republicana. Sairá dos Jerónimos rumo ao cemitério dos Prazeres, onde ficará num jazigo de família.

Ao longo do cortejo, o cortejo terá paragens em frente ao Palácio Nacional de Belém, residência do Presidente da República, à Assembleia da República, à Fundação Mário Soares, e à sede do Partido Socialista, no Largo do Rato.

Um dia em que Lisboa parou

Segunda-feira, vários milhares de pessoas acompanharam o cortejo da casa de Mário Soares até ao Mosteiro dos Jerónimos.

Saiu às 11:00, do Campo Grande, com aplausos, palavras de louvor e o grito do slogan “Soares é fixe”, popularizado na sua primeira campanha e eleição presidencial e percorreu as principais artérias da cidade, rumo à Câmara de Lisboa. Onde estavam centenas de pessoas e o autarca, Fernando Medina.

Aí o caixão foi colocado no armão da GNR e os netos do antigo Presidente entregaram as insígnias e distinções recebidas em vida pelo avô, para serem colocadas ao lado da urna.

Nos Jerónimos, a multidão aguardou serenamente para o “último adeus” a Mário Soares, com tempos de espera de cerca de 30 minutos.

Populares e personalidades

Ao longo do dia, figuras destacadas da vida pública, como atuais e ex-líderes políticos, misturaram-se com populares nas longas filas para velar o corpo do antigo chefe de Estado.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e o presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues, receberam o cortejo fúnebre do antigo chefe de Estado, à porta dos Mosteiro dos Jerónimos. Na chegada da urna num armão puxado por quatro cavalos brancos esteve também a ministra da Presidência e da Modernização Administrativa, Maria Manuel Leitão Marques, a representar o Governo.

Do executivo, recém regressado da Índia, onde o primeiro-ministro, António Costa, se encontra em visita oficial, esteve também o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva.

Os antigos Presidentes da República, Ramalho Eanes e Jorge Sampaio, o ex-primeiro-ministro e presidente do PSD, Pedro Passos Coelho, os líderes do CDS-PP, Assunção Cristas, e do PCP, Jerónimo de Sousa, a coordenadora do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, e o ex-dirigente socialista António José Seguro foram algumas da personalidades que se deslocaram aos Jerónimos. Para se despedirem de Mário Soares e apresentarem condolências aos filhos do falecido, João e Isabel.

"Compagnons de route"

Presentes no Mosteiro dos Jerónimos estiveram também históricos dirigentes socialistas como Manuel Alegre e Edmundo Pedro. Tal como o ex-primeiro ministro, José Sócrates, ex-dirigentes do políticos como José Vera Jardim, José Pacheco Pereira, a antiga presidente do Parlamento, Assunção Esteves e ex-ministros António Vitorino, Marçal Grilo, Nobre Guedes, Bagão Félix e Leonor Beleza.

O cardeal-patriarca, Manuel Clemente, o ex-candidato presidencial Sampaio da Nóvoa, o ex-presidente do Sporting, Dias da Cunha, o fadista Carlos do Carmo, os atores Vitor de Sousa e Lurdes Norberto, o padre Vitor Feytor Pinto, o empresário Ilídio Pinho e o humorista Ricardo Araújo Pereira, foram outros dos presentes.

O presidente do FC Porto, Jorge Nuno Pinto da Costa, o maestro António Victorino d´Almeida, o cineasta António-Pedro Vasconcelos, o ministro das Finanças, Mário Centeno, o constitucionalista Jorge Miranda, o ex-presidente da Caixa Geral de Depósitos António Domingues, o ex-procurador-geral da República Pinto Monteiro e o ex-eurodeputado e fundador do partido Livre Rui Tavares também marcaram presença.

Esta terça-feira, entre muitos milhares, uns mais, outros menos conhecidos, Mário Soares chegará ao cemitério dos Prazeres.

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