BES: comissão de inquérito de «porta escancarada» - TVI

BES: comissão de inquérito de «porta escancarada»

Realização da comissão mereceu voto favorável de todos os partidos. Fernando Negrão será o presidente. Saiba de quem os partidos querem ouvir explicações

Notícia atualizada às 14:10

A comissão parlamentar de inquérito à gestão do Banco Espírito Santo (BES) e Grupo Espírito Santo (GES) foi empossada, esta manhã de quinta-feira, pela Presidente da Assembleia da República. Já há vários nomes em cima da mesa para serem chamados a prestar esclarecimentos e o PSD, partido que faz parte do Governo, já veio dizer que está não de porta aberta, mas «escancarada» para viabilizar audições que permitam apurar toda a verdade sobre a «desgraça» que aconteceu.

«Queremos apurar os factos. Não vamos incidir nem sobre um aspeto mais do que outro. Tudo aquilo que seja relevante para a descoberta da verdade será objeto de atenção do grupo parlamentar do PSD», declarou o deputado Carlos Abreu Amorim, coordenador social-democrata na comissão. «A porta não está aberta, está escancarada, para que tudo aquilo que seja para a descoberta da verdade a dignificação do parlamento seja realizado», sublinhou, citado pela Lusa.

O parlamentar social-democrata apelou para que os partidos conduzam os seus trabalhos «sem qualquer preconceito» e «sem nenhum mapa detalhado daquilo que eventualmente poderão ser as suas conclusões», não partindo para a comissão, portanto, com conclusões predefinidas.

O PSD apresentará «a seu tempo» os seus pedidos de audição, declarou ainda Carlos Abreu Amorim, lembrando que há «dez dias a partir de hoje», dia da posse da comissão, para que tal suceda. A comissão terá o prazo regimental de 120 dias, podendo vir a ser alargada se tal for necessário.

Quem é que os partidos querem ouvir?

O PCP, por exemplo, requereu a audição de dezenas de personalidades, tanto membros do atual Governo, como do anterior, bem como empresários na «periferia» do banco e a família Espírito Santo. 

Entre os membros do Governo, destacam-se os pedidos de audição do vice-primeiro-ministro, Paulo Portas, da ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, e do ministro da Economia, Pires de Lima.

Também os antigos ministros das Finanças Vítor Gaspar e Teixeira dos Santos são chamados pelos comunistas. Quanto a responsáveis pela supervisão, querem ouvir o governador do Banco de Portugal (BdP), Carlos Costa, o presidente da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), Carlos Tavares, e, por exemplo, o vice-presidente do Banco Central Europeu (BCE) e antigo governador do BdP, Vítor Constâncio.

São chamados, também, os membros da família Espírito Santo, casos, por exemplo, de Ricardo Salgado ou José Maria Ricciardi. Do lado dos empresários, Henrique Granadeiro e Zeinal Bava.

Auditores diversos são também chamados, bem como administradores e antigos administradores da fase mais recente do BES, de passagem para o Novo Banco: Vítor Bento, Stock da Cunha e Moreira Rato estão entre os chamados ao parlamento.

Miguel Cadilhe, Fernando Ulrich, Nuno Amado, Artur Santos Silva, António Mexia e João Salgueiro são também nomes que os comunistas querem ouvir na comissão parlamentar, sendo também pedido ao comissário Joaquín Almunia um documento escrito sobre a aprovação da ajuda estatal ao BES.

O Bloco de Esquerda, por sua vez, exige ouvir os membros da troika e vai apresentar um requerimento nesse sentido. «Queremos perceber o que é a troika esteve aqui a fazer, como é que a troika esteve em Portugal durante três anos, como é que conseguiu fiscalizar o orçamento de cada família em Portugal, ir atrás das despesas mais básicas, e foi incapaz de perceber o que se estava a passar no BES», explicou a deputada Mariana Mortágua.

Votos de «bom trabalho»

«Desejo a realização de um bom trabalho», disse Assunção Esteves aos deputados, no final da tomada de posse da comissão.

O PSD escolheu o deputado Carlos Abreu Amorim para coordenar os trabalhos na comissão, ao passo que, ainda à direita, pelo CDS-PP foi indicada Cecília Meireles como deputada coordenadora.

O PS indicou Pedro Nuno Santos para coordenar os trabalhos na comissão e Miguel Tiago e Mariana Mortágua serão os principais intervenientes de PCP e Bloco de Esquerda (BE), respetivamente.

No total, o PSD tem sete deputados efetivos na comissão, incluindo o presidente, Fernando Negrão, o PS tem cinco parlamentares, PCP e CDS dois e o Bloco de Esquerda um. Os deputados José Magalhães, do PS, e Mariana Mortágua, do Bloco, são os vice-presidentes.

A comissão mereceu o voto favorável de todos os partidos em plenário no dia 19 de setembro.
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