MAI diz que vai averiguar acusações da Venezuela à TAP - TVI

MAI diz que vai averiguar acusações da Venezuela à TAP

  • SS - atualizada às 14:01
  • 14 fev 2020, 10:34

O anúncio surge depois de o ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva ter afirmado que a acusação dirigida pelas autoridades venezuelanas ao Governo português "não faz nenhum sentido". O Presidente da República defendeu que Portugal tem tido uma posição "de grande bom senso e de grande racionalidade" em relação à Venezuela

O Governo português ordenou uma averiguação para apurar os factos imputados à companhia aérea TAP pelo Governo venezuelano, que a acusa de ter violado "padrões internacionais" de segurança, anunciou esta sexta-feira o gabinete do Ministro da Administração Interna.

Face às declarações das autoridades venezuelanas referindo uma alegada falha de segurança num voo com origem em Lisboa, o Ministro da Administração Interna determinou à Inspeção Geral da administração Interna (IGAI) a realização de uma averiguação para apuramento dos factos”, indicou o Ministério, em comunicado.

O ministro da Administração Interna disse não haver indícios dos factos imputados à TAP, justificando o inquérito que entretanto ordenou com o facto de não se poder "ignorar" o que foi dito.

Neste momento, quando eu determino um inquérito é porque não há nenhuma indicação de qualquer indício, até ao momento, de qualquer fundamento para o que foi dito", afirmou Eduardo Cabrita aos jornalistas, no Algarve, considerando, contudo, que não se pode "ignorar aquilo que é dito".

O ministro da Administração Interna, que falava aos jornalistas à margem da inauguração do posto territorial da GNR em Almancil, em Loulé, no distrito de Faro, sublinhou que o inquérito é, também, para "garantir que Portugal é um país seguro" e que qualquer dúvida, mesmo na segurança aeroportuária "deve ser imediatamente esclarecida".

O que está aqui em causa é a imagem de segurança de Portugal e essa é que não pode ser posta em causa", frisou, adiantando que o Governo português ainda não recebeu qualquer pedido de esclarecimentos do governo venezuelano.

O governo venezuelano acusa a TAP de ter violado “padrões internacionais”, por ter permitido o transporte de explosivos e por ter ocultado a identidade do líder da oposição, Juan Guaidó, num voo para Caracas.

As autoridades venezuelanas acusam ainda o embaixador português em Caracas, Carlos Sousa Amaro, de interferir nos assuntos internos da Venezuela, ao interceder pelo tio de Juan Guaidó, Juan Marquez, que foi preso na terça-feira, quando aterrou no mesmo voo da TAP, acusado de transportar explosivos.

Segundo o governo venezuelano, Juan Marquez, que acompanhava o sobrinho Juan Guaidó, transportou “lanternas de bolso táticas” que escondiam “substâncias químicas explosivas no compartimento da bateria”.

Assim, as autoridades venezuelanas consideram que a TAP, nesse voo entre Lisboa e Caracas, violou normas de segurança internacionais, permitindo explosivos, e também ocultou a identidade do autoproclamado Presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó, na lista de passageiros, embora a segurança aeroportuária não seja da responsabilidade das companhias transportadoras.

O ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva afirmou esta sexta-feira que a acusação dirigida pelas autoridades venezuelanas ao Governo português "não faz nenhum sentido" e que Portugal espera "que este pequeno incidente seja rapidamente ultrapassado".

Por via diplomática, vamos ver se a Venezuela nos dirige algum pedido de esclarecimento. Naturalmente, nenhuma nota verbal que é apresentada às autoridades portuguesas fica sem resposta", acrescentou Augusto Santos Silva, em declarações aos jornalistas, num hotel de Nova Deli, onde se encontra na Índia a acompanhar a visita de Estado do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.

"Quanto à acusação que foi dirigida pelo presidente da Assembleia Nacional Constituinte da Venezuela [Diosdado Cabello] ao Governo português e ao embaixador português, ela não faz nenhum sentido. O Governo português, nem por ação nem por omissão, contribui na Venezuela para qualquer outra coisa que não seja facilitar o diálogo político entre as forças que se digladiam na Venezuela", reagiu o ministro dos Negócios Estrangeiros.

Questionado sobre o que vai fazer diplomaticamente o Governo português, o ministro respondeu: "São afirmações de uma pessoa. Julgo que os factos são evidentes e, portanto, devemos todos considerar-nos esclarecidos. O embaixador de Portugal na Venezuela age por instruções do Governo português e em conformidade absoluta com o dispõe o direito internacional. Portanto, espero que este pequeno incidente seja rapidamente ultrapassado".

Augusto Santos Silva referiu na altura que "as autoridades policiais portuguesas competentes averiguarão se houve ou não alguma falha de segurança no transporte, na companhia aérea".

O ministro dos Negócios Estrangeiros frisou que Portugal está empenhado em "facilitar o diálogo político entre as forças que se digladiam na Venezuela, para que haja uma transição política pacífica", com "eleições que sejam justas, transparentes e livres".

"Fazemos isso porque temos centenas de milhar de portugueses que vivem na Venezuela e cujo bem-estar e cuja saúde são a nossa preocupação maior e o nosso objetivo maior. E também porque na Venezuela vive cerca de um milhão de cidadãos que também tem nacionalidade europeia e, portanto, é para a União Europeia e para Portugal com ela uma matéria de segurança muito importante", disse Santos Silva.

O Presidente da República defendeu que Portugal tem tido uma posição "de grande bom senso e de grande racionalidade" em relação à Venezuela, escusando-se a comentar as acusações à TAP e ao embaixador português em Caracas.

Marcelo Rebelo de Sousa, que se encontra em visita de Estado à Índia, foi questionado pela comunicação social sobre as acusações das autoridades venezuelanas no Museu Nacional, em Nova Deli, onde inaugurou uma instalação da artista portuguesa Joana Vasconcelos.

Eu não queria estar a comentar, mas é conhecida a posição portuguesa. Portugal tem uma posição que tem sido uma posição de grande serenidade e de grande bom senso e de grande racionalidade, defendendo o diálogo, defendendo a prioridade à realização de eleições presidenciais que legitimem um processo pacífico de evolução futura", respondeu.

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