Sócrates: «Não faço contas para 2009. Quero servir o país» - TVI

Sócrates: «Não faço contas para 2009. Quero servir o país»

José Sócrates

Primeiro-ministro diz que está apenas a pensar no mandato: «É preciso ânimo, coragem e vontade para enfrentar as dificuldades. Não é possível agradar a todos. É preciso lutar. É isso que pretendo fazer»

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José Sócrates assegura que a sua motivação é governar para o bem do país, não fazendo contas tendo em vista as eleições de 2009. Em entrevista à RTP, o primeiro-ministro criticou, ainda, a CGTP e o Partido Comunista.

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«Temos de responder à crise com ânimo e coragem»

Sobre os protestos que têm surgido, considerou legítimos, mas diz discordar. «O governante deve orientar as suas decisões com base no interesse geral. Espero fazer o que a minha consciência dita. O mais importante é que os portugueses saibam que está aqui um governo que percebe o interesse de todos», frisou, assegurando que não tem problemas com a concertação social:

«A CGTP tem rejeitados as propostas sistematicamente. Só não há manifestações nas ditaduras, mas o que não gosto é de insultos. Acho que isso é arma dos fracos. É a única coisa que me tenho queixado. Um pouco mais de civismo não ficaria mal a quem se manifesta. De resto, tenho imenso respeito pelas pessoas que se manifestam, mas mais respeito tenho sobre o meu ponto de visto e naquilo em que acredito. A CGTP nunca quis chegar a um entendimento».

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Garantindo não ter qualquer problema com o ministro da Agricultura, que terá sido «mal interpretado», José Sócrates diz que existe «uma forte coesão e unidade no Governo». «Existe um grupo de ministros bem preparados, com uma cultura política de grande maturidade. Temos uma energia redobrada para responder a esta segunda crise», vincou.

Alegre, eleições e recandidatura

Surge, então, o tema das eleições. «Não estou a fazer contas. Isso seria o primeiro erro como político. Eu faço aquilo que a minha consciência me manda e não faço cálculos políticos. Quero servir o país, não numa altura fácil, mas nas dificuldades», abordou, falando também do crescimento da esquerda

«O poder tem um período de erosão e há muita gente que olha com dificuldade para a sua vida. Há muita gente desanimada com a situação internacional e aceito que isso possa afectar o governo. Mas, o que é que o PC propõe? Na última semana, propuseram o aumento extraordinário dos salários e das pensões, assim como o congelamento dos preços dos bens essenciais, etc. Isto é uma resposta séria? É antes uma proposta de quem quer propor o céu na terra».

José Sócrates é menos duro com Manuel Alegre. «As suas críticas têm muitos anos. Vivo bem com elas, respeito e até me obriga a governar melhor. Na questão da humildade, tentaram criar a imagem de arrogante, mas confundir firmeza com arrogância é um erro que muitos cometem».

No que diz respeito à recandidatura, o primeiro-ministro não quer deixar dúvidas: «Essa é uma questão para ser resolvida no congresso de Fevereiro. Não é tabu nenhum. Estou concentrado no meu mandato e não estou a pensar em eleições. Um grande político europeu, o primeiro-ministro do Luxemburgo, disse que todos sabemos o que fazer, só não sabemos se teremos tempo. Eu digo que se fizermos o que sabemos fazer podemos ter tempo para as concluir. Os portugueses esperam que eu esteja à altura das dificuldades e eu espero dar ânimo aos portugueses».

Após o final da entrevista, numa curta reacção, José Sócrates considerou que conseguiu passar a sua mensagem. «Os portugueses têm tido más notícias, tal como eu. É preciso enfrentar as más notícias com coragem. Cerrar os dentes e seguir em frente. É preciso ânimo, coragem e vontade para enfrentar as dificuldades. Não é possível agradar a todos. É preciso lutar. É isso que pretendo fazer», concluiu.
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