«Apesar das ameaças, os gregos escolheram um partido de esquerda» - TVI

«Apesar das ameaças, os gregos escolheram um partido de esquerda»

Eleições na Grécia [Reuters]

Soromenho-Marques salienta que o Syriza tem «um programa construtivo»

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O professor catedrático Viriato Soromenho-Marques considerou que a vitória do Syriza nas eleições de domingo na Grécia tem consequências não só para o país em si, mas também para toda a zona euro.

«Esta vitória do Syriza é uma vitória que tem consequências para a Grécia, mas sobretudo para a União Europeia e para zona euro no seu conjunto.


Soromenho-Marques declarou à agência Lusa não ter sido por acaso que, tanto em Portugal, como em Espanha e França, as eleições foram acompanhadas «como se fossem eleições domésticas», assim como em Berlim.

Para o professor catedrático, a vitória da esquerda na Grécia significa que o «custo social, político e humano de uma política errada, que é a da austeridade, ganhou, pela primeira vez, uma expressão direta num parlamento europeu», recordando que os eleitores gregos foram pressionados por todas as partes, tanto pelo Governo de Berlim, como pelas instituições internacionais.

«Apesar de todas as ameaças, os eleitores gregos colocaram [no poder] um partido de esquerda, um partido com um programa construtivo, que não é antieuropeu e que pretende permanecer na União Europeia e reforçar a coesão europeia».


Para o analista, o governo que Alexis Tsipras irá chefiar foi eleito «na base de uma plataforma que pretende colocar a dívida numa perspetiva europeia», reconhecendo que há países em que os problemas com a dívida, como por exemplo a Irlanda, têm a ver com os «defeitos estruturais da zona euro que necessitam de reformas».

«Esta vitória de Tsipras e do Syriza vai, cada vez mais, funcionar como um fator de descompressão do diálogo político que tem estado recalcado na zona euro e colocar em cima da mesa o principal obstáculo: que a Europa se salve dos demónios que é a existência do tratado orçamental», sublinhou Soromenho-Marques, realçando que este «é um absurdo que condena não apenas os países periféricos, mas também a Europa, a uma estagnação e, no limite à estagnação da zona euro».
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