Miguel Sousa Tavares: "Parceiros, em ano eleitoral, estão a testar a paciência do Governo" - TVI

Miguel Sousa Tavares: "Parceiros, em ano eleitoral, estão a testar a paciência do Governo"

  • 10 dez 2018, 22:28

O conturbado momento laboral marcado por várias greves, "algumas totalmente inaceitáveis", é um sinal do posicionamento político dos partidos da esquerda. Para o comentador da TVI resta saber se o "Estado português está pronto para satisfazer tudo isto"

Miguel Sousa Tavares, no seu comentário semanal no "Jornal das 8" da TVI, considerou que o país está a assistir a um momento agudo do ponto de vista laboral e social, marcado por greves que assentam em "reivindicações justas, outras injustas e, a meu ver, outras que serão totalmente descabidas".

Por exemplo, a dos estivadores do Porto de Setúbal. É a mais notável das greves que não são públicas e depois de terem visto satisfeitas quase todas as suas reivindicações, os estivadores só param a greve quando parte dessas reivindicações forem satisfeitas noutros portos do paÍs. Onde o respetivo sindicato não tem representação e onde os outros sindicatos lá presentes se opõem a esse sindicato", ilustrou Miguel Sousa Tavares.

Para o comentador, "outra reivindicação absurda é a dos bombeiros voluntários, ao reivindicarem uma autonomia orçamental", assim como é pernicioso o caso dos enfermeiros, "ao recusarem assistir a cirurgias, onde não só pode estar em causa da vida de doentes, como disse o bastonário dos médicos, mas também a cura definitiva de algumas pessoas que precisam de uma cirurgia neste momento e não daqui a seis meses".

Há um abuso do direito à greve que põe em causa aquilo que é a própria ética da profissão. Isso vai além do direito à greve. Isso ofende a ética da profissão", salientou Sousa Tavares, para quem, "as greves têm de incomodar, mas há limites".

Os guardas prisionais escolherem a época de Natal fazerem greve, o que impede a visita das famílias a quem está preso, ou fazerem plenários durante a hora de visita, quando há duas horas de visita por semana, acho totalmente inaceitável", assumiu ainda Sousa Tavares, para quem, o momento de tantas greves terá explicações políticas: "Uma, os parceiros do Governo, em ano eleitoral, estão a testar a paciência do Governo e a posicionar-se em relação às eleições. O que faz prever um ano bastante complicado para o Governo e para António Costa. A outra leitura é que alguém apressadamente concluiu dos indicadores económicos da conjuntura e alguém com memória breve dos tempos difíceis que passámos não assim há tanto tempo, que o Estado português está pronto para satisfazer tudo isto".

Dia feliz de Centeno

Em análise pelo comentador da TVI, esteve também o pagamento final de 4,7 mil milhões de euros ao Fundo Monetário Internacional (FMI) pelo Estado português.

Deixem-me dizer que o dia mais infeliz na vida de um ministro das Finanças e o mais difícil deve ser quando anuncia ao país que tem de pedir dinheiro emprestado ao Fundo Monetário Internacional. Esse papel coube, em 2011, a Teixeira dos Santos, com José Sócrates ao lado. O dia mais feliz deve ser o dia que hoje viveu Mário Centeno, quando diz: Fechámos" Fechámos a dívida", referiu Sousa Tavares.

Ainda assim o comentador lembrou que "em 2011, pedimos 78 mil milhões emprestados. Acabámos de pagar 28 mil milhões e ainda faltam 50 mil milhões"

Macron: "Só lhe faltou choramingar"

Também o discurso do presidente francês ao país, esta segunda-feira, na sequência dos crescentes protestos dos "coletes amarelos", foi avaliado por Miguel Sousa Tavares, para quem Macrom "capitulou em toda a linha".

Só lhe faltou choramingar. Começou a fazer um discurso dizendo que a violência era inadmissível, mas logo a seguir disse que as reivindicações eram legítimas", frisou o comentador.

Onde é que ele vai buscar dinheiro para fazer tudo o que prometeu, eu não faço ideia. Agora, não há duvida que isto começou por uma simples taxa de combustíveis, cujo pretexto era transição energética, e à conta da transição energética, ele capitulou em toda a linha", considerou Miguel Sousa Tavares, referindo-se à posição do presidente francês.

 

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