«Narciso desesperado» e o «elogio» de Sócrates

(ACTUALIZADA ÀS 20:22)

O presidente da Câmara de Matosinhos e candidato do PS justificou este sábado os panfletos emitidos pela autarquia, que deram origem a uma participação criminal da Comissão Nacional de Eleições, com «uma exigência da oposição».

Guilherme Pinto, que falava à entrada para um jantar de apoio à sua candidatura, em que esteve presente o secretário-geral do partido, José Sócrates, precisou que «se trata de um desdobrável exigido pela oposição, nomeadamente pelo vereador da CDU, Honório Novo, que pretendia informação» relativa à linha do Metro em São Mamede.

O autarca reagia às declarações de Narciso Miranda, candidato independente, e segundo o qual a Comissão Nacional de Eleições enviou ao Ministério Público uma denúncia contra a Câmara pela alegada utilização dos meios municipais para financiamento da campanha socialista. A situação configura um crime de violação do dever de neutralidade e imparcialidade por parte da autarquia.

De acordo com o candidato do PS, «o panfleto foi distribuído há quatro meses». Guilherme Pinto classifica a linguagem que a CNE considera «uma forma indirecta de propaganda eleitoral» como uma mera «forma de escrever».

Sobre os restantes 269 panfletos que, segundo o candidato da coligação «Matosinhos Sempre», foram distribuídos ao longo de quatro anos, o autarca justifica-se dizendo que se destinaram a informar a população, sem intenções eleitoralistas.

«Narciso Miranda está desesperado porque já percebeu que vai perder as eleições», atira Guilherme Pinto, acrescentando: «Ele faz queixas, nós fazemos obra».

Guilherme Pinto considera ainda estranho que a CNE só tenha decidido enviar o processo para o Ministério Público em plena campanha eleitoral.

Sócrates apoia «um dos melhores presidentes de câmara que temos em Portugal»

A seis dias da eleições, e com Narciso Miranda a levar vantagem nas sondagens, o candidato socialista recebeu um apoio de peso ao ouvir José Sócrates classifica-lo como «um dos melhores presidentes de câmara que temos em Portugal».

«Guilherme Pinto é um dos quadros políticos mais brilhantes do PS», reforçou o primeiro-ministro, que recordou o tempo em que os dois foram «contemporâneos na Assembleia da República, em 1987».

«São duas as razões da minha presença aqui: elogiar o homem e a obra».

Entrevistado pela TVI, Sócrates recusou que a sua presença se destinasse a tapar o efeito Narciso Miranda, argumentando que a obra de Guilherme Pinto fala por si.

Os elogios do secretário-geral socialista foram retribuídos logo de seguida, com o candidato a enaltecer a determinação do primeiro-ministro e a identificar «um antes e um depois de Sócrates» em vários sectores do país.

De volta ao universo local, Guilherme Pinto diz que o futuro de Matosinhos joga-se em duas frentes: ou «num ajuste de vinganças», numa alusão implícita a Narciso, ou no desenvolvimento do concelho.

«Faltam seis dias para renovarmos a maioria absoluta na Câmara e nas dez freguesias», vaticinou.