BE quer travar eucaliptização para evitar «catástrofes» como a de Ourém - TVI

BE quer travar eucaliptização para evitar «catástrofes» como a de Ourém

Desordenamento florestal facilitou propagação de incêndio que lavrou durante 38 horas

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O Bloco de Esquerda (BE) considera necessário travar «o projeto-lei que o Governo prepara para facilitar ainda mais a eucaliptização do país», caso contrário, «catástrofes» como o incêndio de Ourém, na semana passada, podem tornar-se «mais frequentes e perigosas».

O desordenamento florestal, assim como a forte eucaliptização da mancha florestal, facilitou a propagação do incêndio que lavrou durante 38 horas no concelho de Ourém, entre 2 e 4 de setembro, sublinhou em comunicado o Secretariado da Comissão Coordenadora de Santarém do BE.

A posição do BE foi tornada pública após uma reunião com o presidente da Câmara de Ourém, Paulo Fonseca, e dias depois da associação ambientalista Quercus ter sustentado que a plantação de eucaliptos nas áreas ardidas deve continuar a ser proibida durante uma década a partir da data dos incêndios.

Hoje, o BE sustentou que, além de um deficiente ordenamento do território, que atrasou o combate às chamas, «a inexistência de uma equipa de sapadores florestais - cuja criação foi decidida há muito, mas nunca concretizada pelo Governo - impediu a limpeza atempada de muitos terrenos».

Por essa razão, os bloquistas comprometem-se «a interpelar o Governo sobre as razões para o atraso da criação da brigada de sapadores florestais».

Por outro lado, o BE considera que, «em pleno combate ao sinistro, a chamada Lei dos Compromissos dificultou a mobilização dos recursos necessários, por parte do município».

Na sexta-feira, o presidente da Câmara de Ourém revelou que a autarquia não sabia como pagar as reparações dos prejuízos causados pelas chamas devido àquela lei.

«Há imensas despesas que a Câmara não sabe como as pode assumir, designadamente a alimentação, combustível, aluguer de máquinas, aquisição de sinais rodoviários, reparação de estradas e infraestruturas, face à Lei dos Compromissos e dos Pagamentos em Atraso», sublinhou Paulo Fonseca.

O autarca esclareceu que, «ainda muito provisoriamente, aponta-se um valor de 200 mil euros só com as despesas da responsabilidade mais direta do município», admitindo, contudo, que «os danos são muito elevados».

No domingo, a comissão política concelhia de Ourém do Partido Socialista elogiou o trabalho dos bombeiros e do presidente da autarquia (PS), mas, em comunicado, alertou «as populações para a necessidade de se efetuarem limpezas à volta das casas e unidades industriais, de acordo com a legislação em vigor, garantindo, assim, a prevenção e a salvaguarda dos bens, face a futuras ocorrências».
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