PSD desvaloriza «ligeiro aumento» do desemprego - TVI

PSD desvaloriza «ligeiro aumento» do desemprego

Adão Silva (PSD)

Já o Partido Socialista mostra-se preocupado com a «inversão na quebra do desemprego», e o PCP compara o discurso «eufórico» do Governo a um «castelo de cartas»

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O deputado do PSD Adão Silva congratulou-se com a evolução positiva da taxa de desemprego entre 2013 e 2014, atribuindo o «ligeiro aumento» anunciado esta quarta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) ao bom ano turístico.

«Este ligeiro aumento que registamos no quarto trimestre em relação ao terceiro trimestre, atribuímo-lo a uma mudança ou evolução sazonal porque tivemos um terceiro trimestre muito bom, com uma taxa de desemprego muito perto dos 13%, que resultou da dinâmica económica do ano turístico em Portugal, sobretudo no verão», afirmou, no parlamento.

O INE revelou hoje uma subida da taxa de desemprego em 0,4 pontos percentuais no quarto trimestre de 2014 face ao anterior, para 13,5%, mas com uma queda da taxa média anual de 2,3 pontos percentuais face a 2013, para 13,9%. De outubro a dezembro, aumentou após seis trimestres consecutivos de taxas de variação trimestral negativas, tendo sido inferior em 1,8 p.p. à do trimestre homólogo de 2013.

«A previsão do Governo para 2014 estava acima daquilo que foi o registo final da média do desemprego. Comparando a taxa final de 2014 com a de 2013, uma forte queda - bom sinal», continuou o parlamentar social-democrata.

Para Adão Silva, há «sinais de que a economia começa agora a gerar emprego, de que a legislação laboral aprovada em 2012 e 2013 está agora a dar frutos» e a «tendência, sim, é a que se regista na evolução positiva entre 2013 e 2014 em que o desemprego terá diminuído 2,3%».

Ainda segundo o INE, a população desempregada é estimada em 698,3 mil pessoas, o que representa um aumento trimestral de 1,4% e uma diminuição homóloga de 13,6% (mais 9,4 mil pessoas e menos 109,7 mil pessoas, respetivamente), enquanto os empregados serão 4.491,6, ou seja, um decréscimo trimestral de 1,6% (menos 73,5 mil pessoas) e a um acréscimo homólogo de 0,5% (mais 22,7 mil pessoas).

Por sua vez, o CDS-PP preferiu valorizar a «maior descida do desemprego em toda a União Europeia» no último ano, apesar da subida da taxa de desemprego em 0,4 pontos percentuais no 4.º trimestre.

«A taxa de desemprego desceu do ano passado para este ano de 16,2% de 13,5%, teve uma descida significativa, a maior descida recente do desemprego em Portugal», afirmou aos jornalistas o deputado do CDS-PP Artur Rego, em declarações no parlamento.

O deputado centrista sublinhou que «foi a maior descida do desemprego em toda a União Europeia» e «é uma descida que significou a criação de 130 mil postos de trabalho, em que cerca de 130 mil portugueses puderam sair da situação de desemprego, ter um trabalho e melhorar a sua condição social, económica e familiar».

Artur Rego sublinhou ainda que a «descida ultrapassou todas as previsões feitas pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), União Europeia, ou pelo próprio Governo».

«Para o CDS e para este Governo, a questão do desemprego foi sempre a questão que nós considerámos como a maior fratura social e é, portanto, uma preocupação constante para nós. Ao contrário do que parece ser para alguma oposição que, quando sai um dado um bocadinho mais desanimador, fazem logo uma festa, como se isso fosse motivo de celebração», declarou.

O CDS refere-se à posição do deputado socialista Nuno Sá que se diz preocupado com a «inversão na quebra do desemprego», salientando números da emigração e de «desempregados ocupados».

«Há uma preocupante inversão da tendência de diminuição e quebra do desemprego em Portugal. Reforça-se um não aumento do emprego e, por outro lado, o agravamento do desemprego», afirmou, no parlamento.

«No último trimestre de 2014, houve um aumento de cerca de 10 mil desempregados e uma redução de mais de 70 mil empregos», continuou o parlamentar do PS, criticando aquilo que considera serem discrepâncias entre dados do INE e dados do Instituto do Emprego e da Formação Profissional (IEFP).

Segundo Nuno Sá, «mesmo em termos homólogos», houve «uma redução de cerca de 110 mil desempregados, mas essa redução assenta única e exclusivamente na redução da população ativa e no número de ocupados».

«Há uma diminuição drástica da população ativa em termos homólogos em cerca de 87 mil portugueses e, desses, 75% são jovens. Portanto, é uma diminuição que assenta na emigração. Os restantes cerca de 20 mil empregos criados são empregos que não têm qualidade e são desempregados ocupados», lamentou.

Também o deputado comunista, Jorge Machado, criticou o «discurso eufórico do Governo» relativo a bons indicadores económicos e sociais, e comparou-o a «um castelo de cartas» a ruir face aos dados do desemprego revelados pelo INE.

«Demonstram que o discurso eufórico do Governo em torno de bons resultados e sucesso tem vindo a cair como um castelo de cartas», disse.

«O desemprego continua a ser um problema dramático. Temos muito mais do que em 2011, altura em que o Governo assumiu funções. Se tivermos em conta que em formação e estágios profissionais estão 166 mil trabalhadores que não contam para as estatísticas, se somarmos os inativos e desmotivados - 257 mil de acordo com o INE -, chegamos à conclusão de que o desemprego atinge hoje 1,2 milhões de trabalhadores, 22% da população do país», alertou Jorge Machado.

O parlamentar do PCP sublinhou «o agravamento do desemprego jovem - 34 % - e atingimos o desemprego de longa duração mais elevado desde que há estatísticas do INE - 64%».
 
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