Louçã irrita Sócrates com orçamento de 2009 - TVI

Louçã irrita Sócrates com orçamento de 2009

Debate parlamentar - Foto de Mário Cruz para Lusa

Bloquista quis saber o défice para 2009, primeiro-ministro não gostou da insistência

Francisco Louçã conseguiu irritar José Sócrates esta tarde no Parlamento. A insistência do líder do Bloco de Esquerda em saber a previsão do Governo do défice orçamental para 2009 levou o primeiro-ministro a remeter essa divulgação para a próxima semana, valer-se do desempenho nesta área em 2008 e a responder a Louçã: «Não aceito lições de moral da sua parte».

«O Banco de Portugal confirmou que vivemos em recessão desde Julho passado e apresentou uma previsão para este ano de uma redução do produto de 0,8 por cento, eu queria que dissesse a este Parlamento qual é a previsão do Governo para o crescimento do produto este ano em Portugal», começou desta forma a sua intervenção o parlamentar bloquista.

Numa primeira resposta ao apelo de Louçã, José Sócrates disse que «está agendado um debate para a próxima semana». «Na segunda-feira, o Governo entregará na Assembleia da República quer a proposta que vai apresentar de alteração ao orçamento quer também o programa de estabilidade e crescimento».

Mas Louçã voltou a insistir, questionando José Sócrates sobre se estaria em condições de «garantir ao Parlamento que não será ultrapassado um défice orçamental de 3 por cento». José Sócrates deu uma resposta semelhante à anterior, o que motivou uma nova repetição da pergunta por parte do deputado bloquista, com uma observação: «Sabe que as contas estão tão mal que as não quer dizer ao país. Mas hoje deve dizê-lo.»

«A vertigem Alberto João Jardim»

Um José Sócrates, visivelmente irritado, voltou a não responder à questão de Francisco Louçã e atirou: «O que posso dizer ao Parlamento e ao senhor deputado é que no ano de 2008 vamos ter o menor défice orçamental da democracia portuguesa e que isso resulta de reformas corajosas que fizemos e que nunca contámos com o apoio do Bloco de Esquerda.»

Louçã aproveitou então a exaltação do primeiro-ministro. «Escusa de se irritar, porque as perguntas são sobre factos e sobre políticas e o país está preocupado porque hoje há um défice de confiança», disse, acusando o Governo de entrar no que apelidou de «a vertigem Alberto João Jardim». «Tudo é fácil quando chegamos ao momento das eleições. O senhor primeiro-ministro conhece o mail do seu Governo a pedir a 30 empresas as datas dos concursos das adjudicações, das inaugurações?»

Sócrates contra-atacou: «Os portugueses já se habituaram aos episódios mediáticos que o senhor deputado costuma protagonizar». «Eu não aceito lições de moral da sua parte», acrescentou.
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