Portugal diz que acordo nuclear iraniano é "para manter" - TVI

Portugal diz que acordo nuclear iraniano é "para manter"

  • MM
  • 27 abr 2018, 15:53
Augusto Santos Silva

Ministro Santos Silva não descartou novas medidas de pressão sobre o governo iraniano, nomeadamente quanto ao programa de mísseis balísticos

 O ministro dos Negócios Estrangeiros português disse hoje que o acordo nuclear com o Irão é para manter, mas não descartou novas medidas de pressão sobre o governo iraniano, nomeadamente quanto ao programa de mísseis balísticos.

A posição da União Europeia (UE), dentro da ala de Portugal, é muito clara. Entendemos que o acordo nuclear [com o Irão] foi um acordo muito importante, está a ser cumprido, designadamente pela parte iraniana, e que deve ser mantido. Não quer dizer que não continuemos a pressionar o Irão noutras áreas, nomeadamente no que diz respeito ao comportamento do Irão na região, ao programa de mísseis balísticos, e, sobretudo, no que diz respeito ao incumprimento dos direitos humanos”, defendeu Augusto Santos Silva.

O chefe da diplomacia portuguesa, que falava à margem da reunião dos Ministros dos Negócios Estrangeiros da NATO, a decorrer em Bruxelas, frisou que é preciso distinguir as ações do governo iraniano daquilo que é o acordo nuclear, que resultou de “um processo muito complexo e muito longo”, e que “produziu o resultado esperado” de por termo ao programa com que o Irão se encaminhava para ter armas nucleares.

Todas as verificações até agora feitas, nomeadamente as da Agência Internacional de Energia Atómica, mostram-nos que o Irão tem cumprido a sua parte no acordo nuclear. Portando, do ponto de vista da UE e de Portugal o acordo é para manter”, reiterou.

Santos Silva não descartou, contudo, que estejam esgotadas todas as questões da agenda bilateral entre a UE e o Irão e que o Irão não tenha que dar provas de alteração de comportamentos.

Na terça-feira, o Presidente norte-americano, Donald Trump, e o seu homólogo francês, Emmanuel Macron, afirmaram desejar "trabalhar" juntos para um novo acordo nuclear com o Irão, suscitando o protesto imediato do Presidente iraniano, Hassan Rohani, que contestou a legitimidade de um eventual novo pacto sobre o programa nuclear iraniano.

Um dia depois, o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, declarou que o atual acordo nuclear iraniano "não tem alternativa", enquanto a chefe da diplomacia da União Europeia, Federica Mogherini, reiterou que há “um acordo que existe, que funciona e que deve ser preservado”.

A UE participou na conclusão deste acordo, assinado em Viena em julho de 2015, depois de anos de negociações entre o Irão e o grupo dos 5+1 (Alemanha, EUA, França, Reino Unido e Rússia).

Nos termos do acordo, Teerão aceitou congelar o seu programa nuclear até 2025.

Os partidários do acordo internacional sobre o programa nuclear iraniano asseguram que este acordo é a melhor garantia para impedir que o Irão se dote da bomba atómica.

Trump, no entanto, considera o acordo demasiado fraco.

Durante a sua campanha presidencial, Trump prometeu “rasgar” o acordo, desenhado pelo seu antecessor na Casa Branca, Barack Obama, e fruto de anos de negociações.

Ameaçando passar à ação 15 meses após a chegada ao poder, Trump deu aos signatários europeus do atual acordo com o Irão (Alemanha, Reino Unido e França) até 12 de maio para o tornar mais severo.

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