Jerónimo avisa Costa sobre “otimismo excessivo que pode dar lugar à desilusão” - TVI

Jerónimo avisa Costa sobre “otimismo excessivo que pode dar lugar à desilusão”

  • BM
  • 19 mar 2019, 17:25

"Pois, sr. primeiro-ministro, um bocadinho de otimismo nunca fez mal a ninguém. O problema é quando há otimismo excessivo que pode dar lugar à desilusão. E esta é uma questão que está colocada na ordem do dia", alertou o líder do PCP sobre a evolução da economia portuguesa

O secretário-geral do PCP alertou esta terça-feira o primeiro-ministro sobre o "otimismo excessivo" em relação à evolução da economia portuguesa, "que pode dar lugar à desilusão", no debate parlamentar quinzenal com o chefe do Governo.

Pois, sr. primeiro-ministro, um bocadinho de otimismo nunca fez mal a ninguém. O problema é quando há otimismo excessivo que pode dar lugar à desilusão. E esta é uma questão que está colocada na ordem do dia", respondeu Jerónimo de Sousa a António Costa.

O líder comunista reiterara críticas ao executivo socialista por ceder às regras ditadas por Bruxelas sem resolver os problemas de "défice produtivo" de Portugal, enquanto o primeiro-ministro louvara a linha política da atual legislatura que aliou devolução de rendimentos e direitos ao rigor nas contas públicas.

Enquanto houver caminho, vamos caminhar. A nossa função é ir abrindo caminho para continuar a caminhar, sem que o passo vá mais longe que a perna e o otimismo não seja excessivo, mas seja com conta peso e medida, que nos tem permitido fazer tudo isto com contas certas", afirmou Costa.

Jerónimo de Sousa começou por defender o "aumento dos salários a par da valorização das carreiras, considerando os mais novos, mas não desvalorizando nem ignorando os que trabalham há dezenas de anos e cujo trabalho deve ser plenamente reconhecido".

O crescimento económico ficou, contudo, aquém do que era necessário e possível para recuperar anos de atraso e ultrapassar défices estruturais, desde logo o produtivo. Pesaram negativamente as opções do Governo ao aceitar os constrangimentos impostos pela União Europeia (UE), os critérios do Tratado Orçamental, que o Governo levou mais além, designadamente o critério do défice, com impacto negativo no investimento e um serviço da dívida severamente condicionado", disse.

Segundo o secretário-geral comunista, "o país demorou dez anos para recuperar em termos reais o nível de produção de 2008, mas o PIB" atual "tem uma estrutura bem diferente e porventura pior".

Mais do que medidas isoladas, aquilo que será retido é que, nesta legislatura, tivemos uma vitória histórica sobre a visão de modelo de desenvolvimento que a direita apresentava para o país", congratulou-se o primeiro-ministro, salientando que "é evidente que estar na UE tem constrangimentos, mas tem também um mar de oportunidades".

Para Costa, "esta mudança de modelo de desenvolvimento será o que de mais duradouro perdurará a partir desta legislatura porque nunca mais ninguém aceitará voltar a andar para trás e já todos reconhecem que não é à custa de baixos salários e destruição de direitos" que Portugal pode ser competitivo economicamente.

Essa é a grande vitória que temos sobre o conjunto da direita portuguesa", frisou.

Jerónimo de Sousa concluiu a sua intervenção sublinhando os "20 anos de luta" do PCP pela redução das tarifas dos passes intermodais e que se vai concretizar agora, a partir de abril, mas pediu maior oferta de transportes ferroviários, fluviais e rodoviários ao serviço das populações.

António Costa garantiu estarem em curso procedimentos para a aquisição de mais material circulante nas diversas vertentes dos transportes públicos.

Costa diz que dados do INE comprovam que clima económico "continua em alta"

O primeiro-ministro, António Costa, defendeu que os dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) comprovam que o “clima económico continua em alta”, afirmando que o Governo irá “prosseguir a trajetória”.

Em resposta a um pedido de esclarecimento da deputada do PS Hortense Martins, no debate quinzenal, António Costa disse que o objetivo do Governo é que a economia “continue a crescer mais do que a União Europeia”, “continuando a gerar mais e melhor emprego”.

Segundo António Costa, os sinais disponíveis “confirmam que é possível que assim aconteça”: “Quando, apesar de se alterar tabelas de retenção na fonte, a receita do IRS cresce em 7%”, significa que “os rendimentos estão a aumentar e a procura interna está a aumentar”.

O primeiro-ministro sublinhou ainda o “aumento do investimento empresarial” registado em 2018, afirmando que nesse quadro se “compreende bem” os dados hoje divulgados pelo INE de que “o clima económico continua em alta e a recuperar relativamente a trimestres anteriores”.

É nesta trajetória que temos de prosseguir porque é esta trajetória que reforça a confiança dos portugueses, que reforça a nossa credibilidade internacional e que ajuda cada vez mais a ter melhor rendimento, mais emprego, e de melhor qualidade”, disse.

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