O secretário-geral comunista mostrou-se curioso por ver a "pirueta" do PSD quanto ao aumento de 10 euros em todas as pensões, após uma visita à Fundação Calouste Gulbenkian, que elogiou pelo "trabalho meritório" na cultura em Portugal.
Jerónimo de Sousa foi questionado sobre a possibilidade de os sociais-democratas virem a propor uma medida semelhante à defendida pelo PCP de acréscimo extraordinário das pensões na discussão na especialidade do Orçamento do Estado para 2017 (OE2017).
"A pergunta tem de ser feita ao PSD. Como é que não nos acompanhou no OE2016? Um PSD que considera que se está a entrar num caminho de dar tudo a todos, chegou a falar do Processo Revolucionário Em Curso (PREC) e agora venha fazer essa pirueta numa questão em que esteve sempre contra. Vamos ver se essa pirueta se vai realizar", declarou.
O líder do PCP, ressalvando não fazer "juízos de intenção sem conhecer a proposta do PSD", lamentou que aquele partido tenha sido um dos "executores mais draconianos do congelamento e cortes nas pensões e reformas", admitindo a possibilidade de "que poderia ter aqui um ato de consciência e de arrependimento pelo mal que fez a reformados e pensionistas".
"De qualquer forma, é no quadro da especialidade que iremos, a partir da nossa proposta, ter em consideração o conjunto de propostas colocadas", disse.
Relativamente ao debate com o Governo socialista de aumento extraordinário de seis euros das pensões até 275 euros, Jerónimo de Sousa reservou qualquer tomada de posição para os trabalhos que decorrem no parlamento.
"É um processo que não está acabado. Nós temos a nossa proposta que é conhecida. No OE2016 tratou-se do descongelamento. No OE2017, não sabemos qual vai ser o aumento, mas sabemos que vai haver, finalmente, ao fim de muitos anos, o aumento das pensões e das reformas. Os valores em concreto ainda estão em fase de exame comum da nossa parte com o PS, no quadro da discussão na especialidade", afirmou.
O executivo de António Costa avançara já para o aumento extraordinário de 10 euros, em agosto próximo, nas pensões de entre 275 e 628,33 euros, além da atualização normal com referência à taxa de inflação (0,7%), a partir de janeiro.
O OE2017 já foi aprovado na generalidade por PS, BE, PCP e PEV, a abstenção do PAN e votos contra de PSD e CDS-PP. As propostas de alteração na especialidade têm de ser apresentadas até às 21:00 horas desta sexta-feira. O PSD já fez saber que vai apresentar 45 propostas de alteração.
A discussão em plenário e votações na especialidade das eventuais alterações vão decorrer em 24, 25 e 28 de novembro, antes da sessão magna de encerramento e votação final global, prevista para 29 de novembro.