Jerónimo: PS "irá tão longe" quanto "corresponder às aspirações do povo" - TVI

Jerónimo: PS "irá tão longe" quanto "corresponder às aspirações do povo"

Jerónimo de Sousa no comício do Porto

Secretário-geral do PCP diz que possibilidade de governação aberta com os acordos à esquerda "não pode nem deve ser desperdiçada"

O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, avisou, nessa sexta-feira, que, naquilo que depende do apoio dos comunistas, o Governo do PS irá tão longe quanto opte por uma política que corresponda às aspirações do povo.

"O Governo irá tão longe conforme faça uma opção por uma política com solução duradoura, que corresponda aos interesses e aspirações do povo português", disse Jerónimo de Sousa durante um jantar-comício na Figueira da Foz.

"Aqui residirá o seu futuro, que com certeza poderá ser prolongado se essas respostas forem dadas", argumentou.

O líder comunista afirmou ainda que "não pode nem deve ser desperdiçada" a possibilidade agora aberta, com o novo Governo do Partido Socialista, de "dar passos limitados, é certo, mas nem por isso pouco importantes" na adoção de uma trajetória que inverta aquilo que disse ser o "rumo de declínio" seguido nos últimos quatro anos.

Jerónimo de Sousa defendeu a necessidade de uma política "patriótica e de esquerda" em oposição ao que disse ser a "política de mentira" da direita, e lembrou que o programa de governo que vai ser discutido, na quarta-feira, no parlamento "é um programa do PS, não um programa do PCP", mas que os comunistas o vão apoiar.

"Temos esta consciência da diferença e da divergência que existe em relação a matérias de fundo, mas, no quadro de honrar a palavra dada, o que faremos na Assembleia da República é rejeitar qualquer moção de rejeição que venha do PSD e do CDS", permitindo que o Governo liderado por António Costa entre em funções.

Jerónimo de Sousa revelou ainda que nas reuniões com o PS para formalização do acordo de apoio parlamentar comunista a um futuro governo "o Partido Socialista nunca quis impor nada ao PCP" e que "ficou claro" que os comunistas mantêm a sua autonomia, independência e identidade, apesar do acordo alcançado.

Jerónimo de Sousa disse ainda que a situação do país "não prescinde, antes exige" que a luta dos trabalhadores seja colocada em primeiro plano, e embora assumindo divergências programáticas com o PS, frisou que o novo Governo representa uma "evolução positiva" para o país.

"Não nos pomos em bicos de pés. Mas se hoje este Governo [de coligação PSD/CDS] foi derrotado e se a solução alternativa foi encontrada, podemos dizer camaradas que muito se deve ao PCP", argumentou.

Antes da intervenção do líder do PCP, Mário Nogueira, secretário-geral da Federação Nacional de Professores (FENPROF) e mandatário distrital de Coimbra da candidatura presidencial de Edgar Silva, lembrou que vai estar no sábado em Lisboa, na manifestação convocada pela CGTP "para desejar que o governo do PS apoiado pelos partidos à sua esquerda tenha, de facto, políticas que não sejam de direita".

"Foi por isso que afastámos de lá o PSD e o CDS e agora o que é preciso é um governo que deixe de vez as políticas de direita", concluiu.
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