Maioria e PS fazem uma «manobra» de «ilusão» dos portugueses - TVI

Maioria e PS fazem uma «manobra» de «ilusão» dos portugueses

Jerónimo de Sousa diz que o país vive «uma realidade brutal» que «não pode ser iludida por mais inventados sucessos que o Governo anuncie»

O secretário-geral do PCP acusou PSD, CDS-PP e PS de utilizarem a sétima avaliação da troika para «uma manobra» de «ilusão de que é possível resolver os problemas» do país mantendo «a mesma política».

As posições de Jerónimo de Sousa foram assumidas num discurso durante um almoço com largas centenas de militantes do PCP, em Paio Pires, concelho do Seixal, a propósito da comemoração do 92.º aniversário do partido.

Nas instalações da Siderurgia Nacional, o líder comunista defendeu a demissão imediata do Governo, que «não tem qualquer credibilidade», e a «devolução da palavra ao povo».

Jerónimo de Sousa disse que o país vive «uma realidade brutal» que «não pode ser iludida por mais inventados sucessos que o Governo anuncie» e que, «ao fim de dois anos» de execução do memorando, «os resultados são visíveis».

O líder do PCP referiu que não estão a ser combatidos «nem a dívida, nem o défice» e que não resolve o problema da falta de crescimento: «Tudo se agravou e mais se agravará à medida que este Orçamento do Estado for sendo concretizado».

O secretário-geral comunista acusou depois os «subscritores do pacto de agressão» de levarem a cabo uma «manobra», pondo em prática «aquele velho esquema de que é preciso que alguma coisa mude para que tudo fique na mesma».

«É neste exercício em que andam todos empenhados, no exercício da mistificação para dar ilusão de que é possível resolver os problemas e manter o pacto, seguindo a mesma política de sempre», afirmou.

Jerónimo deixou ainda várias críticas à atual direção do PS, que «manobra para dar ares de oposição» e «faz propostas e escreve cartas sem pôr em causa o essencial», ironizando ainda sobre «a fórmula da austeridade inteligente».

O líder do PCP criticou ainda os socialistas por não assumirem «a devolução dos direitos retirados por este Governo», «dando por adquirido o que foi tirado ao povo».

O Presidente da República foi também visado por Jerónimo de Sousa nas críticas, sendo acusado de se associar a um «projeto de anulação de todas as conquistas populares».

«Apoiando o pacto de agressão, abdicou do pacto de juramento que fez perante o povo português. Não era o pacto que tinha de apoiar, mas o juramento de cumprir e fazer cumprir a Constituição», defendeu o comunista.

No final do seu discurso, de cerca de meia hora, o líder comunista deixou palavras de mobilização, assegurando que «a luta não vai parar até à derrota deste Governo» e dos que «diziam não lutem que não vale a pena».

«Só a luta dos trabalhadores e do povo pode salvar o país e levar a uma verdadeira alternativa à política de direita», afirmou.

Jerónimo sublinhou ainda que o projeto comunista continua vivo: «Os que decretaram a nossa morte esqueceram-se que um ideal nunca morre».

O almoço de comemoração dos 92 anos da fundação do PCP terminou com os militantes presentes a cantarem «Avante Camarada», a «Internacional Socialista« e o Hino Nacional, muitos cravos nas mãos e nas lapelas e, já com Jerónimo de Sousa fora do palco, ouviu-se «Grândola, Vila Morena».
Continue a ler esta notícia