PCP preocupado com compra da Media Capital pela Altice - TVI

PCP preocupado com compra da Media Capital pela Altice

  • Notícia atualizada às 00:40
  • 15 jul 2017, 20:13
Jerónimo de Sousa

Jerónimo de Sousa teme que concretização de negócio possa fazer parar o país. Secretário-geral do PCP falou, também, sobre a tragédia de Pedrógão Grande e diz que a ajuda às famílias tem de ser distribuída com urgência

O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, deixou um alerta em relação aos negócios que a Altice está a desenvolver em Portugal, considerando que a multinacional "poderia parar o país" caso a compra da Media Capital se venha a concretizar.

A compra do grupo Media Capital com um canal de TV, a TVI, de larga audiência, e a Plural, uma importante produtora de conteúdos, assume particular gravidade. A concretizar-se, não é exagerado afirmar, que uma multinacional, um grupo económico poderia fazer parar o país", sustentou.

Durante um jantar da CDU, que decorreu este sábado à noite em Viseu, Jerónimo de Sousa sublinhou que a PT/Altice já dispõe do controlo da rede de transporte digital terrestre, que manda no SIRESP, além de dominar a maior operadora de Cabo, a MEO.

Com a concretização da compra da Media Capital, "assumiria toda a dominação, da produção à emissão e distribuição numa concentração sem precedentes no setor de televisão".

É o interesse nacional que está em jogo. Não há como ficar em cima do muro. Ou se age e garante para impedir a alienação de um setor estratégico ou se é conivente com esse objetivo. Não há refúgios em desculpas de leis de mercado ou quaisquer outras, que sirvam para não agir utilizando todos os mecanismos existentes ou criando os necessários", acrescentou.

Ao longo da sua intervenção, o secretário-geral do PCP evidenciou que não se pode aceitar que o país "fique de mãos atadas ou condenado à chantagem da Altice", quando se prepara para "mandar para o desemprego cerca de 3.000 trabalhadores e pôr em causa direitos dos pré-reformados e reformados".

O plano friamente pensado de transferir os trabalhadores para empresas ligadas ao grupo, a ser executado, seria mandá-los para o purgatório e ao fim do ano mandá-los para o inferno do desemprego", referiu.

Aos presentes, Jerónimo de Sousa revelou ainda que antes de entrar para o jantar teve "um encontro com trabalhadores da PT no distrito" de Viseu, a quem deixou um compromisso.

Tudo faremos para defender, no plano político e institucional, os seus interesses e a própria empresa. Mas é a sua luta que determinará o seu futuro como trabalhadores desta empresa", concluiu.

A Altice, grupo que comprou há dois anos a PT Portugal, anunciou na sexta-feira que chegou a acordo com a espanhola Prisa para a compra da Media Capital, dona da TVI, entre outros meios, numa operação que a empresa espanhola avalia em 440 milhões de euros.

A ERC tem de se pronunciar sobre a operação quando for contactada pela Autoridade da Concorrência (AdC), antes desta última dar o seu parecer sobre o negócio. O parecer do regulador dos media é vinculativo.

 

Pedrógão: PCP quer donativos a chegar com urgência às vítimas

O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, abordou outro dos temas que estão na ordem do dia: o atraso na entrega dos donativos às famílias afetadas pelos incêndios do mês de junho. O líder dos comunistas reiterou que as verbas para ajudar as vítimas do incêndio de Pedrógão Grande devem ser distribuídas com urgência, resolvendo as questões relativas às habitações antes do inverno.

A opinião que temos é que quanto mais depressa melhor. Colocámos como medidas urgentes acudir às populações atingidas em Pedrógão e não só, no plano da habitação, que é um elemento crucial antes que chegue o inverno", sustentou.

Jerónimo de Sousa sublinhou que é importante averiguar os estragos que sofreram as propriedades das pessoas e também as empresas, auxiliando-as, mesmo no plano monetário.

É preciso também procurar responder a todos aqueles que viram perder os seus entes queridos. Também é necessária uma resposta [nesta vertente]. O desbloqueamento das verbas neste quadro é fundamental", referiu.

Para o líder do PCP, tanto neste caso como no do roubo de armamento em Tancos, o importante é apurar-se a verdade e responsabilidades.

Mas, faça-se o caminho. Não se fique à espera da demissão de um ministro, porque é uma responsabilidade coletiva do Governo, em particular do primeiro-ministro", concluiu.

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