PCP vê "retrocessos" num programa de Governo "vago" - TVI

PCP vê "retrocessos" num programa de Governo "vago"

  • BC
  • 31 out 2019, 11:27

Jerónimo de Sousa falou no encerramento do debate do programa de Governo

O secretário-geral comunista reiterou hoje que o PCP terá uma "firme oposição" às "medidas contrárias" aos interesses de trabalhadores e povo, sublinhando que "todo o caminho de avanço" terá sempre "a intervenção decisiva" do partido.

Jerónimo de Sousa discursava no segundo dia do debate parlamentar sobre o programa de Governo do XXII executivo constitucional, na sua sessão de encerramento.

É a partir do seu programa e projeto que o PCP desenvolverá a sua ação, iniciativa e proposta. Todo o caminho de avanço e de adoção de medidas que correspondam a direitos e aspirações dos trabalhadores e do povo contará sempre com a intervenção decisiva do PCP. Assim como todas as medidas contrárias aos seus interesses terão a nossa firme oposição", garantiu.

O líder do PCP voltou a condenar o documento apresentado pelo executivo minoritário socialista porque nele "não se vê a cabal resposta aos problemas de fundo do país" e está "marcado estruturalmente pelas opções de política macroeconómica que estiveram presentes na ação do anterior Governo do PS".

Um programa onde não se veem medidas ajustadas ao combate às desigualdades, mas sim a manutenção de um quadro degradado de direitos laborais e de insuficiente valorização de salários e reformas. Não se vê a resposta que se impunha no plano do investimento (...), não se vê uma medida que recupere para o domínio público empresas privatizadas", lamentou.

O secretário-geral comunista resumiu assim o programa de Governo: "suficientemente vago e de formulação redonda e abrangente para não se comprometer em concreto em muitas das suas áreas".

Um programa com formulações que indiciam soluções de sentido negativo ou até retrocessos nos domínios da administração pública, dos transportes, do ambiente, das creches, dos deficientes, do poder local, das Forças Armadas, entre outras", enumerou.

Verdes pedem "contas certas"

O líder parlamentar de "Os Verdes", José Luís Ferreira, exigiu  "contas certas" ao Governo minoritário socialista para os reformados, Serviço Nacional de Saúde (SNS), educação, transportes, áreas protegidas e serviços públicos.

O que esperamos é que este programa permita ao Governo apresentar as propostas adequadas, seja no plano legislativo normal, seja através dos orçamentos do Estado para termos as contas certas. Contas certas com os reformados e pensionistas, contas certas com o SNS, contas certas com a educação, contas certas com os transportes públicos, contas certas com as áreas protegidas, contas certas com o conjunto dos serviços públicos", disse o deputado ecologista.

José Luís Ferreira começou por referir a legislatura anterior: "quatro anos depois de os partidos à esquerda terem construído fórmulas democráticas para interromper as políticas de massacre social que a direita se preparava para continuar a impor ao destino coletivo".

Quatro anos depois de a direita ter convocado o diabo para a discussão e ter anunciado ao mundo que vinha aí o fim do mundo. Aqui estamos, sem o mundo acabar, sem sombras de diabo, e com esta legislatura a começar exatamente como previsto do ponto de vista legal e do ponto de vista constitucional, ou seja, quatro anos depois", regozijou-se.

O deputado de "Os Verdes", entre outras matérias, abordou o anúncio do primeiro-ministro, na tomada de posse de sábado, de encerramento antecipado das centrais termoelétricas a carvão do Pego e de Sines.

"Não há, do ponto de vista contratual, qualquer obrigação do Estado ao nível de compensações [aos operadores] pelo seu encerramento. A central do Pego termina o seu contrato de aquisição de energia exatamente no ano em que o Governo pretende encerrá-la. A central de Sines já há muito viu terminado o seu período de operação nos termos dos tais contratos de aquisição de energia e dos tais custos de manutenção de equilíbrio contratual (CMEC), através dos quais obteve gordos proveitos financeiros e generosos financiamentos para reduzir o impacto ambiental", afirmou.

Segundo José Luís Ferreira, "é isto" que o PEV espera do Ministério do Ambiente, "responsabilidade e presença do interesse público nas decisões".

Enquanto houver estrada para andar, cá estaremos, por perto, sempre que a estrada seja o caminho certo", concluiu.

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