«Uns comeram os figos e a outros rebenta-lhes a boca» - TVI

«Uns comeram os figos e a outros rebenta-lhes a boca»

Jerónimo de Sousa (Manuel de Almeida/Lusa)

Jerónimo de Sousa defende a moção de censura do PCP apelando à luta dos trabalhadores

Relacionados
Foi com um ditado popular que Jerónimo de Sousa resumiu a sua justificação para a apresentação da moção de censura ao Governo que está esta sexta-feira em discussão na Assembleia da República: «Uns comeram os figos e a outros rebenta-lhes a boca».

É que, para o PCP, quem criou a crise não é quem a vai pagar. «O grosso da factura vai ser cobrada a quem menos tem e menos pode», avisou o líder comunista, que apontou o PEC e as novas medidas de austeridade como as principais motivações da moção de censura, assim como a manutenção de «intocáveis privilégios, benefícios da banca e dos grupos económicos e dos especuladores».

Sócrates não gostou do «nim» da direita

Salientando a «dimensão política» da moção de censura, já que, na prática, já se adivinha o seu «chumbo» devido às abstenções de PSD e CDS-PP, Jerónimo frisou também que é uma moção de censura «dirigida ao PS e ao PSD», sendo «um juízo sobre o rumo de desastre nacional imposto ao país e ao povo português pela política de direita».

«É uma censura à chantagem do Governo, da UE, dos especuladores, dos banqueiros, das grandes associações do patronato, de ex-ministros, de beneficiados da situação, do PS e do PSD sobre um povo que, levando pancada, devia comer e calar!», acrescentou.

Os comunistas alertaram ainda que, com estas «violentas medidas», Portugal vai ficar «pior» em 2013. «Com esta política o que os senhores vão criar é mais uns milhares de pobres», lamentou, acrescentando que a «irresponsabilidade» não é do PCP por apresentar uma moção de censura, mas de quem criou a crise.

«Não se iluda senhor primeiro-ministro. O mundo não mudou por um acto súbito. A situação resulta de um processo, de políticas erradas e do vergar de cerviz no quadro de integração da União Europeia e na moeda única», defendeu, concluindo com um apelo à luta dos trabalhadores já no dia 29 de Maio, na manifestação nacional convocada pela CGTP.

Mais tarde, e defendendo-se da acusação de Sócrates sobre a crise política que a moção de censura poderia abrir, Jerónimo foi taxativo: «É preferível deitar o Governo abaixo do que deixar o Governo deitar o país abaixo.»

O líder do PCP avisou mesmo o primeiro-ministro, que «é novo e talvez não saiba», que o povo «encontrará sempre uma alternativa».

Jerónimo de Sousa usou, pela primeira vez, segundo o próprio, da figura da defesa da honra, para se defender dos duros ataques de José Sócrates, que o acusou de «instrumentalizar» o Parlamento para convocar trabalhadores para a manifestação de 29 de Maio.
Continue a ler esta notícia

Relacionados