A cultura "gera riqueza para o país" - TVI

A cultura "gera riqueza para o país"

Jorge Barreto Xavier (Lusa)

Jorge Barreto Xavier, secretário de Estado da Cultura, diz que dados divulgados através da Conta Satélite da Cultura demonstram que o setor gera riqueza e contribui para a economia

O secretário de Estado da Cultura, Jorge Barreto Xavier, afirmou hoje que os dados divulgados através da Conta Satélite da Cultura demonstram que o setor cultural gera riqueza e contribui para a economia.

Jorge Barreto Xavier falava à agência Lusa, no final da apresentação dos dados oficiais do setor cultural, de 2010 a 2012, compilados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), através de um novo instrumento estatístico do setor, a Conta Satélite da Cultura (CSC).
 

Os dados - que estão a partir de hoje disponíveis no sítio do INE na internet - "têm uma utilidade operacional muito grande", tanto para os decisores políticos como para os agentes do setor, disse Barreto Xavier.


Os 2,7 mil milhões de euros da Valor Acrescentado Bruto daquele período, gerados pelo setor, são "extremamente relevantes para reconhecer que a cultura, mais do que um ato de despesa, é um ato de geração de riqueza e um contributo para a economia nacional", sublinhou.

Na apresentação dos dados, a diretora do serviço de Contas Satélite do INE, Cristina Ramos, afirmou que é preciso analisar a informação disponibilizada "com muito cuidado", e que o setor da cultura e da criatividade é "uma área em mutação, por causa das novas tecnologias".

O investigador Augusto Mateus, que, em 2010, defendeu a criação de uma conta satélite, elogiou a existência deste instrumento de trabalho, mas deixou o mesmo alerta: "O terreno da cultura e da criatividade muda muito depressa".



Os dados estatísticos mais atuais desta CSC vão até 2012, porque são os mais completos, defitinivos e atuais, justificou a presidente do INE, Alda Carvalho, afirmando que o ideal é a produção bienal de novas informações, mas que tudo dependerá dos recursos humanos do instituto.

Questionado pela Lusa quanto a dados concretos sobre desemprego no setor, Jorge Barreto Xavier afirmou genericamente que esta conta satélite faz uma "fotografia de um dos períodos mais complicados" do país e que houve "um decréscimo de emprego, no quadro de crise económica".

Por outro lado, o secretário de Estado da Cultura referiu que as estatísticas demonstram que "as remunerações da cultura, em média, são superiores às remunerações da população portuguesa".
 

"Muitas vezes aquela ideia das dificuldades da cultura - que existem - não significa que não haja um reconhecimento do valor dos criadores, cuja remuneração é superior à media da população", disse, ressalvando que "há questões de proteção social de quem trabalha na cultura, que têm que ser muito melhoradas".


Os dados gerais hoje apresentados dão conta de que, entre 2010 e 2012, as atividades na área da cultura sofreram com a crise económica e que isso se refletiu no número de pessoas empregadas e na riqueza gerada.

Naquele período, a atividade cultural empregava a tempo inteiro quase 89.000 pessoas, correspondendo a dois por cento do emprego nacional. Nesta estatística não entram todos os que estão envolvidos em atividades culturais em tempo parcial.

Quanto à produção de riqueza nacional, a cultura teve um contributo de 2,7 mil milhões de euros, posicionando-se à frente dos setores das indústrias alimentares, alojamento ou agricultura.

Entre 2010 e 2012, importou-se mais cultura do que aquela que se conseguiu exportar e divulgar internacionalmente.

O INE identificou cerca de 66.000 unidades económicas ligadas à cultura, em vários domínios, como o livro e as bibliotecas, as artes de palco, a publicidade, o cinema, a fotografia e o património.



Embora as artes do espetáculo apresentem uma maior presença na atividade económica, o setor do livro e de publicações foi o que gerou mais riqueza.

A área do património cultural regista a maior percentagem de emprego remunerado, enquanto as das artes do espectáculo e arquitetura têm maiores valores de pessoas empregadas não remuneradas.

Portugal é o quinto país da Europa a ter uma Conta Satélite da Cultura, juntando-se à Finlândia, Polónia, Espanha e República Checa.

O INE já participa na elaboração de outras contas satélites em Portugal, nomeadamente nas áreas da Agricultura, Ambiente, Saúde e Turismo.
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