Deputados preocupados com a sua privacidade - TVI

Deputados preocupados com a sua privacidade

Parlamento

A presença de jornalistas deverá manter-se inalterada

Os meios tecnológicos disponíveis no renovado plenário do Parlamento, que reabre quarta-feira, estão a preocupar alguns deputados quanto à sua privacidade, mas todos defendem que a livre circulação de jornalistas deve manter-se e que o bom-senso deve imperar, segundo informa a Agência Lusa.

Deputados preocupados com privacidade

Ao fim de oito meses de obras, a Sala de Sessões vai voltar a funcionar na próxima quarta-feira, passando cada deputado a ter disponível um computador, situação que preocupa alguns deputados, que receiam ver a sua privacidade invadida pelos repórteres de imagens, que podem captar o que os eleitos estão a fazer durante os debates.

Apesar de alguns receios, todos os partidos consideram que a circulação de jornalistas no hemiciclo deve ser livre, devendo a captação de imagens ser regulada pelo «bom-senso».

Em declarações aos jornalistas, o deputado do PS Rui Vieira admitiu que «houve deputados do seu partido que exprimiram preocupação quanto à reserva da sua privacidade, nomeadamente quanto à captação de imagens».

No entanto, sublinhou, a bancada socialista «não está a pensar alterar as regras», não existindo qualquer proposta ou decisão para mudar o trabalho dos órgãos de comunicação social no Parlamento.

Reconhecendo que «abusos houve sempre», o deputado socialista sustenta que «estes assuntos resolvem-se com bom-senso».

Salvaguarda dos direitos dos deputados

Sobre a projecção de imagens, que os partidos poderão utilizar, Rui Vieira referiu que o PS «pediu ao presidente da Mesa da Assembleia para pensar nalgumas propostas para avaliar esta primeira experiência e adoptar um critério não limitativo na próxima legislatura».

Mais cauteloso, o deputado do PSD, Hugo Velosa, considera que «é preciso ter algum cuidado quanto à salvaguarda dos direitos dos deputados e ao seu bom-nome».

A disponibilização de novas tecnologias, como a possibilidade de projectar imagens em dois ecrãs retrácteis, é «favorável», considera o PSD, mas estes meios «não podem pôr em causa o debate», destaca.

No mesmo sentido vai o PCP, que, pela voz do líder parlamentar, Bernardino Soares, defende que os meios tecnológicos «não devem substituir as intervenções» dos partidos.

A bancada comunista considera no entanto que as inovações tecnológicas «vão permitir um trabalho muito mais eficaz, através da consulta de bases de dados e correio electrónico».

«Cada deputado deve tomar as medidas que entender como necessárias»

A presença dos jornalistas deve manter-se nos moldes actuais, refere o PCP, que sustenta que «se alguém captar imagens e divulgar correio electrónico ou sms, isso é crime».

Também o CDS-PP, através de Pedro Mota Soares, mostra-se contra «restrições à livre circulação de jornalistas na Assembleia da República», considerando que «a comunicação social tem de ter toda a capacidade de desempenhar bem as suas funções».

Sobre os novos meios tecnológicos ao dispor dos deputados, Mota Soares considera que «nada pode substituir a palavra do debate», que tem de «ser elevado e feito com lisura».

Fernando Rosas, do Bloco de Esquerda, falando em nome pessoal, disse não sentir a sua privacidade ameaçada.

«Cada deputado deve tomar as medidas que entender como necessárias. Atentado da privacidade por parte dos jornalistas é um risco que se corre a toda a hora», sustentou.

O deputado bloquista criticou as «limitações excessivas» à divulgação de imagens durante as intervenções, defendendo que «deve haver mais liberdade, veremos se depois se alarga ou não».

Já esta semana os partidos se mostraram «apreensivos», na conferência de líderes, quanto à exibição de imagens no hemiciclo.
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