Insultos no Parlamento: «Não retiro nada» - TVI

Insultos no Parlamento: «Não retiro nada»

«Quem não se sente, não é filho de boa gente», diz deputado do PSD

José Eduardo Martins, deputado do PSD, que esta quinta-feira insultou um deputado socialista no Parlamento num debate sobre incentivos à instalação de painéis solares, explicou ao «Rádio Clube» o que se passou. «Eu adjectivei várias vezes o senhor deputado Afonso Candal e, entre outras coisas, chamei-lhe de facto bandalho», afirmou.

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O deputado social-democrata adiantou que estava apenas a reagir à provocação do socialista. «O senhor deputado Afonso Candal, no estilo que lhe é próprio, decidiu fazer comentários soezes sobre contribuintes e o que me motivava a intervir. Quem não se sente, não é filho de boa gente, e eu, que sou filho de gente honesta, não estou para ouvir este tipo de comentários».

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«É evidente que errei e prejudiquei essencialmente a minha bancada e o debate, mas quanto ao senhor deputado Afonso Candal, com franqueza não retiro nada do que disse», disse ainda o deputado ao «Rádio Clube». «Não é qualquer um que pretende insultar-me, ainda que o faça com a manha que o fez, porque eu não sou de meias tintas», adiantou.

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Perfil de José Eduardo Martins

Perfil de Afonso Candal

Pedido de desculpa aos outros deputados

José Eduardo Martins pediu desculpa no Parlamento a todos os deputados menos a Afonso Candal pelo palavrão que lhe dirigiu, que considerou uma reacção «destemperada» a uma insinuação que ofendeu a sua honra.

Afonso Candal alegou que não fez nenhuma insinuação e que não encontra motivos para o episódio: «Não insinuei fosse o que fosse e se tivesse algo a dizer afirmava-o».

« Eu sou humano, erro, e manifestamente ontem errei. Lamento no que diz respeito aos outros 228 deputados, que não têm de ser testemunhos de uma cena menos agradável», disse José Eduardo Martins aos jornalistas no Parlamento.

« Ao senhor deputado Afonso Candal com certeza que não peço desculpas, a menos que queira fazer o favor de concretizar a insinuação que fez. Não era sarcasmo, era insulto e da maneira como eu fui criado não se deixam passar em claro as ofensas à honra».

O episódio aconteceu durante um debate sobre painéis solares, em que Afonso Candal disse a José Eduardo Martins: «Sim, senhor deputado, piamente eu sei que a sua preocupação são os interesses dos contribuintes».

José Eduardo Martins considerou que era «uma insinuação não concretizada sobre contribuintes e interesses» em relação à qual se impõe um esclarecimento à qual reagiu de forma «destemperada». «Não tenho nenhum interesse nesta área, nenhum cliente nesta área», declarou o advogado.

«Devia ter pedido a defesa da honra em vez de ter perdido as estribeiras como perdi, é claro que sim. É mais fácil dizer agora do que fazer», considerou.

O social-democrata defendeu que, apesar de ter errado ao dirigir um palavrão a Afonso Candal, não é correcto julgar «que a insinuação feita aos microfones sobre a honra de um deputado não é ofensiva e que o vernáculo é muito ofensivo».

Afonso Candal desvalorizou o episódio, considerando que «às vezes há mal entendidos e ninguém está livre de cometer erros» e manifestando a esperança de que o deputado «reconheça o seu erro». «Ele saberá o que fazer», disse.

«Não vejo razão para o sucedido a não ser aqueles momentos infelizes que todos temos», rematou.
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