Sócrates apresenta-se contra Ferreira Leite «retrógrada» - TVI

Sócrates apresenta-se contra Ferreira Leite «retrógrada»

«Rentrée» socialista

Líder socialista polariza opções eleitorais entre uma visão «moderna» e outra que o «choca» e diz ser representada pelo conservadorismo da líder social-democrata

José Sócrates diz que nas eleições se vai decidir entre uma visão «moderna» e outra «retrógrada» do país. Numa entrevista à RTP1, o líder socialista colocou-se ao lado da primeira e atirou Ferreira Leite para um espectro conservador que o «choca». Sócrates recusou ainda qualquer «cinismo» na relação com Belém. Sobre o caso Freeport, disse aguardar pela conclusão «formal» do processo com confiança na Justiça.

Numa entrevista de 50 minutos, o secretário-geral do PS não quis explicar se estará disposto para coligações pós-eleitorais. E, sem falar noutro partido que não o PSD, polarizou o seu discurso. Em jogo nas eleições de 27 de Setembro, disse, estão apenas «duas pessoas, duas atitudes e dois programas». E foi nas atitudes de duas pessoas que o líder socialista se centrou. Ele que se «choca» com Ferreira Leite e Ferreira Leite que o «choca» a ele.

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«Choca a minha sensibilidade ver uma liderança política dizer que o casamento deve ter como objectivo apenas a procriação», frisou, para depois, aproveitar o tema para separar águas e colocar o país do seu lado. «Acho que isso é uma visão retrógrada e uma visão ultrapassada que é diferente da minha, mas é diferente também da visão do país. O país é muito mais moderno que isso».

Sócrates valeu-se ainda de uma outra declaração da sua principal opositora: «Choca-me que a dr. Manuela Ferreira Leite considere que as obras públicas apenas servem para dar emprego aos ucranianos e aos cabo-verdianos (...). Isso choca a minha sensibilidade mas fere também a nossa história. Nós fomos uma nação de emigrantes».

Asfixia democrática, verdade, Belém e Freeport

José Sócrates recusou ainda a acusação feita por Ferreira Leite de que se vive no país um clima de «asfixia democrática», devolvendo-a. «Como é que é possível uma liderança política que ainda há uns tempos atrás disse que devemos suspender a democracia por seis meses vir dizer que vive em asfixia democrática», questionou, identificando esse clima dentro PSD, fazendo uma alusão à exclusão de Pedro Passos Coelho das listas sociais-democratas «por pensar de forma diferente».

O líder socialista criticou ainda a utilização da palavra «verdade» por parte da campanha do PSD, por considerar que o seu uso visa «denegrir os outros». «Esses que andam sempre com a verdade na boca são os primeiros a escorregar na primeira esquina», apontou.

Outros dos temas abordados foi a relação entre o Governo e a Presidência. «Começou bem e continua muito bem», apontou. «O facto de eu discordar do Presidente da República não pode ser visto como um braço-de-ferro. O mais importante é que haja uma cooperação institucional sem falhas».



Sobre o descontentamento gerado em alguns sectores, como entre os juízes e os professores, por causa de decisões do Governo, José Sócrates salientou que nenhuma medida foi tomada como forma de hostilizar qualquer classe, mas «no interesse geral do país».

José Sócrates falou ainda do caso Freeport. «Espero uma conclusão do processo de forma formal», disse. «A verdade vem sempre ao de cima». Questionado pela jornalista sobre a razão pela qual nunca pediu ao Ministério Público para ser ouvido, o líder socialista apontou: «Isso era o que faltava. Eu não devo nada ao Ministério Público, nem tenho nenhum problema de consciência».

Última actualização às 23:50
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