Costa acusa Passos de fazer oposição contra interesse nacional - TVI

Costa acusa Passos de fazer oposição contra interesse nacional

António Costa

"Já liderei a oposição e é a função política mais difícil de ser exercida, mas nunca ninguém me ouviu dizer uma palavra que perturbasse a confiança dos mercados". PSD, UTAO, CFP e instâncias internacionais alvo de críticas do primeiro-ministro e PS

O debate quinzenal desta quarta-feira terminou como o primeiro-ministro a fazer uma acusação ao PSD, a que o partido já não teve tempo regimental para responder. Uma acusação diretamente dirigida a Passos Coelho, de pôr em causa o interesse nacional com as suas afirmações sobre a dívida pública.

Eu já liderei a oposição e, como tenho dito várias vezes, é a função política mais difícil de ser exercida em Portugal. Agora nunca ninguém me ouviu dizer uma palavra que perturbasse a confiança dos mercados (...) e muito menos alguém me viu a acender uma vela para que os juros da dívida pública aumentassem penalizando o interesse nacional", afirmou António Costa, arrancando aplausos da sua bancada.

Ainda há cerca de uma semana, o líder da oposição aludiu à subida dos juros da dívida pública a 10 anos para cima de 4% dizendo que "se estamos a pagar mais caro para nos financiarmos, é natural que os investidores comecem a ver crescer alguma desconfiança quanto à nossa capacidade de pagar". E foi mais longe: "Se a isso se juntar uma conversa do próprio Governo e dos partidos que o apoiam à volta da renegociação da divida, isso é deitar gasolina em cima de uma fogueira".

António Costa vê-se, agora, que não gostou de comentários como estes, vindos do maior partido da oposição. "Quem não soube ser Governo também continua a não saber ser oposição", concluiu o chefe de Governo, na reta final do debate, prometendo continuar "serenamente" a executar o seu programa de Governo.

Confiança não lhe falta. Com o argumento de que instâncias nacionais e internacionais falharam em previsões relativas ao ano passado. "Ouvimos sucessivas organizações internacionais, a UTAO, o Conselho das Finanças Públicas, todos com previsões absolutamente catastróficas sobre o défice a dizerem que era aritmeticamente impossível [sobe o tom aqui], aritmeticamente impossível [idem] ficar abaixo de 2,7%, ficar abaixo de 3%. O que sabemos hoje é que ficará aritmeticamente abaixo de 2,3%", atira António Costa.

Em resposta a Carlos César (PS), que se dedicou apenas a elogiar e enumerar os resultados da ação do atual Governo, em contraposição com o anterior, António Costa disse ainda, com ironia, que se "surpreende" com quem, do anterior Governo, levou "a cabo oito orçamentos retificativos e não acertou previsões e continua a querer acertar nos resultados do atual Governo".

O líder parlamentar do PS deu-lhe a deixa, com o exemplo do emprego. "Dizia Passos Coelho em 2016: conseguíamos em 2015 criar mais emprego do que o Governo está a prever para 2016. Respondemos-lhe agora: virou-se o feitiço contra o feiticeiro: criaram-se em 2016 mais empregos do que em 2015". Segundo os dados divulgados hoje pelo INE, houve mais 56,5 mil pessoas empregadas no ano passado.

Outro exemplo: "A OCDE previa que a redução do IVA na restauração prejudicaria o emprego". No setor, "foram criados cerca de 136 mil novos empregos", ilustrou Carlos César.

Ou seja, para o partido do Governo, tem-se "conseguido inverter a degradação de muitas famílias e empresas, surpreendido pela positiva observadores externos e empreendido a retoma de consumidores e investidores", apesar de o país viver ainda com "muitas fragilidades" e num contexto em que a "confiança interna e externa tem de ser consolidada". No entanto, sublinhou, o seu a seu dono:

"Mas não há duas verdades opostas: a que interessa é a de resultados; da oposição já sabemos que a adivinhação é sempre a exercitação do caos, das organizações internacionais já sabemos que muitas vezes não bate a bota com a perdigota"

Também o secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, considerou "a barulheira das bancadas da direita" um sinal de que PSD e CDS estão "desolados, derrotados, vingativos".

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