Tinto, chouriço assado e campismo selvagem lembram Portugal a Trudeau - TVI

Tinto, chouriço assado e campismo selvagem lembram Portugal a Trudeau

  • 4 mai 2018, 19:29

Primeiro-ministro canadiano lembrou com emoção campismo jovem na Praia da Adraga, em Sintra, há 20 anos. "Esqueçam as batatas fritas ou o strogonof", disse antes do almoço com António Costa

O primeiro-ministro canadiano, Justin Trudeau, fez esta sexta-feira um discurso com rasgados elogios à comunidade portuguesa no Canadá e lembrou com emoção os seus tempos de jovem campista na Praia da Adraga, Sintra, com vinho tinto e chouriço assado.

Justin Trudeau fez um discurso informal na abertura do almoço que ofereceu ao primeiro-ministro, António Costa, que completa em Toronto o terceiro de quatro dias de visita oficial ao Canadá.

Há 20 anos fui um dos muitos jovens canadianos que fez férias em Portugal, acampando e viajando pelo país. Mas tenho de admitir: Não se vive até se acampar em Portugal", afirmou, surpreendendo com estas palavras boa parte dos seus convidados presentes no almoço oficial.

O primeiro-ministro canadiano referiu-se depois a uma "noite especial" que passou há duas décadas junto às falésias da Praia da Adraga, no concelho de Sintra.

Esqueçam as batatas fritas ou o strogonof. A nossa ementa nessa noite foi chouriço assado, um excelente pão e um dos melhores vinhos tintos que provei durante as minhas férias de campismo", contou.

Para Justin Trudeau, esta experiência que teve "revelou a qualidade de vida que há em Portugal, assim como as amizades que fiz nesse país".

Faço figas para que o acordo de livre comércio entre a União Europeia e o Canadá, o CETA, continue a providenciar aqueles mantimentos para campistas em Portugal", declarou, numa nova alusão ao chouriço e ao vinho de Portugal, o que provocou imediatamente risos na plateia.

"Paixão pelo futebol"

Na parte do discurso mais formal, o primeiro-ministro do Canadá destacou a forma como as sucessivas vagas de emigrantes portugueses, muitos com origem nos Açores, contribuiu desde a década de 50 do século passado para "a construção do Canadá moderno".

A cultura portuguesa está presente nas nossas vilas e cidades de diversas formas, com valores tradicionais de família, trabalho árduo e paixão pelo futebol. Os luso-canadianos são a chave da explicação do Canadá de hoje", considerou.

Mas Justin Trudeau foi mais longe nos elogios à comunidade portuguesa no seu país, salientando que "Portugal deu muito ao Canadá, desde a excecional gastronomia, à sua música tradicional e a uma identidade própria vincada".

Portugal deu tanto ao Canadá", repetiu o líder do executivo canadiano, recebendo então muitas palmas.

Antes, durante o fórum de negócios entre Portugal e o Canadá, Justin Trudeau falou sobre casos de sucesso de portugueses que chegaram ao Canadá há vários anos e que agora se destacam como empresários.

Num contexto em que elogiava as oportunidades que serão abertas pelo CETA, o primeiro-ministro do Canadá falou sobre o negócio de vinhos de um senhor luso-canadiano chamado David Macedo, que, segundo ele, poderá em breve ter nas suas lojas uma maior variedade de produtos.

Justin Trudeau referiu-se ainda à "Távora Food's", atualmente uma grande cadeia do ramo alimentar, propriedade de um português da Beira Alta "que chegou ao Canadá na década de 50 sem saber uma única palavra de inglês".

São hoje um sucesso e levam os sabores de Portugal a toda esta cidade de Toronto", acrescentou.

Países unidos

Já o primeiro-ministro António Costa defendeu que Portugal e o Canadá são dois países unidos na política mundial em defesa de sociedades inclusivas, tolerantes, baseadas no multiculturalismo e empenhados na participação em instituições internacionais de caráter multilateral.

Portugal e o Canadá constroem sociedades tolerantes e inclusivas", declarou o líder do executivo português no breve discurso que fez em inglês e francês.

António Costa considerou que, no que respeita às migrações, "os dois países partilham uma experiência de integração, de cidadania e de multiculturalismo, assim como promovem a cooperação internacional em organizações de caráter multilateral".

Estas referências do primeiro-ministro português ao multiculturalismo foram escutadas pelo antigo comissário europeu e ministro socialista António Vitorino, que é atualmente candidato ao cargo de diretor geral da Organização Internacional para as Migrações. António Vitorino procura obter o apoio do Canadá na corrida àquele cargo internacional.

Neste ponto, António Costa salientou em seguida que o mundo que portugueses e canadianos querem construir é feito de "pontes entre pessoas, países e continentes".

Portugal e Canadá são dois países contribuintes líquidos para a paz e para a segurança no mundo", completou.

Tal como em outras intervenções nesta visita, o primeiro-ministro voltou a defender a tese de que Portugal e o Canadá são aliados na NATO, partilham valores como o multilateralismo político e estão empenhados na defesa do desenvolvimento sustentado e no combate às alterações climáticas. 

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