A coordenadora do Bloco de Esquerda afirmou, este sábado, que “a disputa” nas eleições legislativas de 6 de outubro é, “naturalmente, feita entre o PS e a esquerda”, pois “o programa da direita não serve” e o país já o deitou fora.
Agora, o que conta é saber o que queremos construir. E essa disputa é, naturalmente, feita entre o Partido Socialista e a esquerda - sobre o projeto para o país”, disse Catarina Martins no Porto, distrito pelo qual encabeça a lista às legislativas, num comício na Praça dos Poveiros.
Observando que “o programa da direita já não serve para o país”, a líder bloquista notou que, “se os últimos quatro anos mudaram o país, com mais justiça, dignidade e respeito, foi porque o BE cumpriu o seu compromisso” com Portugal.
A referência à disputa eleitoral entre o PS e a esquerda surgiu quando Catarina Martins falava sobre a emergência climática e resolveu imaginar a “resposta da direita” às reivindicações dos estudantes.
Passos Coelho [primeiro-ministro durante legislatura que antecedeu a da designada “geringonça” formada entre PS, BE, PCP e PEV] diria talvez aos estudantes para não serem piegas e saírem, quem sabe, do seu planeta de conforto. É por isso que sabemos em que campo se disputam estas eleições”, alertou.
A diferença que fizeram estes quatro anos. O programa da direita não serve. Já o deitámos fora. Agora, o que conta é saber o que queremos construir. E essa disputa é, naturalmente, feita entre o PS e a esquerda”, acrescentou.
Na sexta-feira, Catarina Martins respondeu às críticas do ministro Mário Centeno com o aviso de que "quem quer pontes, não as queima" e mostrando-se “agradada” por o programa do BE “estar no centro do debate e das preocupações do PS”.
Não sei se o PS está arrependido destes quatro anos, nós no Bloco de Esquerda não estamos”, referiu.
Catarina Martins assegurou que “o BE está mais forte” porque tem a força “de toda a gente que lutou nestes quatro anos, e em todos os anos, por justiça no trabalho”.
Se tanto mudou foi porque o BE cumpriu o seu compromisso com o país. Cumprimos. Com quem trabalha. E não esquecemos quem ficou para trás”, frisou.
A líder do BE lembrou que estão “por regularizar os PREVPAP [programa de regularização extraordinária dos vínculos precários na Administração Pública] na RTP [alguns dos precários estavam presentes no comício e fizeram-se notar com um cartaz], nos técnicos especializados, no IEFP [Instituto de Emprego e Formação Profissional] e na investigação”.
Temos hoje um dos maiores instrumentos de luta para dizer que a precariedade não pode ser a regra. Vemos em dezenas de milhares de pessoas vinculadas que as lutas podem ser difíceis, mas como valem a pena”, observou Catarina Martins.
O Bloco de Esquerda e os "passos falhados"
A coordenadora do BE disse que “faliu por completo a política dos pequenos passos” individuais na luta contra a emergência climática, defendendo que “o problema só se resolve” com “políticas públicas fortes” na economia, energia e mobilidade.
Faliu por completo a política dos pequenos passos, de ver quem recicla mais ou quem vai à mercearia. E também não vai lá com a versão da austeridade verde, porque o planeta não pode ficar à espera de que as empresas poluentes desenvolvam uma consciência – o lucro é sempre mais voraz. O problema é mesmo o sistema de produção, é a nossa economia. O problema só se resolve com uma resposta que transforme a economia”, sustentou Catarina Martins num comício no Porto, assegurando que “é à esquerda” que está a solução para a crise climática.
A líder do BE defendeu a urgência de “políticas públicas fortes que transformem a economia, a energia e a mobilidade”, notando que “é isso que propõe o BE”.
A emergência climática está em todos os programas eleitorais mas, se calhar, não estamos todos a dizer a mesma coisa. Deve falar-se da resposta à emergência climática à esquerda, que é também a resposta à emergência social e à emergência dos direitos do trabalho”, frisou.
Para Catarina Martins, “não vale achar que é taxando mais o gasóleo” que o problema do ambiente se resolve.
Precisamos mesmo é de transportes públicos e ferrovia em todo o país. Precisamos de nova mobilidade que sirva toda a gente. Precisamos de energia mais limpa que não fique e que diga não ao carvão”, defendeu.