Conselho Nacional do PSD: críticos de Rui Rio questionam escolhas do líder - TVI

Conselho Nacional do PSD: críticos de Rui Rio questionam escolhas do líder

  • CE/JFP
  • 30 jul 2019, 22:34

Juntou-se esta terça-feira, em Guimarães, o Conselho Nacional do PSD, com o objetivo de fechar as listas de candidatos a deputados nas próximas eleições legislativas

Juntou-se, esta terça-feira, em Guimarães, o Conselho Nacional do PSD com o objetivo de fechar as listas de candidatos a deputados nas próximas eleições legislativas.

A votação, de braço no ar, prometia-se animada depois de toda a polémica que envolveu as escolhas dos nomes dos candidatos.

A reunião começou também com o propósito de aprovar as linhas gerais do programa eleitoral do PSD, do qual são conhecidos apenas alguns pontos apresentados por Rui Rio, líder do partido, ao longo das últimas semanas.

O momento mais decisivo deste Conselho Nacional é mesmo a votação das listas dos candidatos a deputados. Delas não fazem parte vários nomes de peso do partido, ligados à anterior direcção de Pedro Passos Coelho e que não apoiaram Rui Rio na corrida à liderança do PSD.

Vozes críticas que prometeram ir a Guimarães para questionar as escolhas do líder dos sociais democratas. 

A sondagem da Multidados para a TVI revelou que, caso as eleições legislativas fossem esta terça-feira, o PSD teria o pior resultado de sempre, com 20,3% dos votos.

Programa eleitoral do PSD aprovado com 17 abstenções

O programa eleitoral do PSD foi aprovado pelo Conselho Nacional do partido, com 17 abstenções, numa reunião em que foi também ratificado o nome de José Manuel Bolieiro como novo 'vice' do partido.

No primeiro ponto da ordem de trabalhos, o nome de José Manuel Bolieiro foi aprovado com 84 votos favoráveis (73,6% do total), 18 brancos e 12 nulos, substituindo no cargo Manuel Castro Almeida, cuja demissão foi tornada pública no início de julho com acusações de “centralismo” ao presidente social-democrata, Rui Rio.

No segundo ponto, o programa eleitoral do PSD para as legislativas de 6 de outubro, conhecido na íntegra no final do dia de terça-feira, foi aprovado com 17 abstenções.

O ponto mais quente e demorado promete ser o último na ordem de trabalhos: a deliberação sobre a proposta apresentada pela Comissão Política Nacional do candidato do PSD a primeiro-ministro, Rui Rio, e das listas de candidatura à Assembleia da República, como determinam os estatutos.

Hugo Soares quis falar “olhos nos olhos” com Rio

O deputado social-democrata Hugo Soares disse que marca presença no Conselho Nacional para dizer "olhos nos olhos" ao presidente do partido aquilo que pensa e apontou com principal objetivo "combater o PS".

À entrada para a reunião do órgão máximo do PSD, Hugo Soares, que ao que tudo indica foi afastado das listas para as eleições de outubro por "vontade expressa" da direção nacional e de Rui Rio, não confirmou se irá deixar de ser deputado, mas garantiu que não se irá afastar da vida política.

É da mais elementar justiça que eu possa hoje vir aqui dizer ao presidente e ao Conselho Nacional, olhos nos olhos e cara a cara, e aos militantes, aquilo que tenho para dizer sobre a situação interna e sobre a situação nacional", afirmou o deputado eleito nas últimas legislativas pelo círculo de Braga.

Questionado sobre se vai ou não continuar a ser deputado e na vida política, o ex-líder parlamentar do PSD declarou que "há muita vida política fora do parlamento".

Não tenciono nunca deixar de fazer política porque creio que é a mais nobre das atividades", referiu Hugo Soares, acrescentando: “Se há característica que creio que os portugueses me reconhecem é por me ter batido sempre pelo Partido Social Democrata, sempre pelo país e por ter algumas qualidades no combate ao PS e é esse combate que continuarei a fazer".

O secretário-geral do PSD defendeu que a direção só excluiu um nome das listas de candidatos a deputados, o do ex-líder parlamentar Hugo Soares, considerando que as restantes divergências foram de ordenação.

Há sempre neste processo de negociações cedências mútuas, mas o resultado final apresentado é largamente consensual e só num caso saiu ou entrou alguém sem colaboração com a comissão política distrital”, afirmou José Silvano, em conferência de imprensa, antes do arranque do Conselho Nacional do PSD, em Guimarães, distrito de Braga.

O secretário-geral social-democrata defendeu que, ao contrário do que foi divulgado na comunicação social, “apenas houve uma exclusão nas listas por parte da Comissão Política Nacional”, o do ex-líder parlamentar Hugo Soares.

E, mesmo neste caso particular de Hugo Soares em Braga, correspondeu às declarações de vontade do próprio, que sempre afirmou publicamente a sua não disponibilidade de integrar listas com este presidente”, disse.

Segundo José Silvano, a ex-ministra das Finanças Maria Luís Albuquerque, por Setúbal, ou do vice-presidente da Câmara de Cascais, Miguel Pinto Luz, “nunca foram vetados”.

Apenas foi sugerida uma alteração de lugares que as respetivas comissões políticas distritais decidiram não considerar”, declarou.

O secretário-geral do PSD considerou ainda que só houve duas situações de rutura entre distrital e direção nacional, os casos de Setúbal e de Viana do Castelo.

Em resposta às perguntas dos jornalistas, José Silvano referiu que não constam das listas o seu antecessor Feliciano Barreiras Duarte e o ex-líder da concelhia de Lisboa Rodrigo Gonçalves, sem confirmar que este foi convidado para o 12.º lugar, posição que recusou segundo o próprio afirmou à Lusa.

Jorge Neto acusa Rio de fazer “uma limpeza” nas listas

O antigo deputado e histórico do PSD Jorge Neto acusou Rui Rio de fazer "uma limpeza" na listas para as eleições legislativas de outubro, alertando haverá reflexo no resultado e na "qualidade" da futura bancada parlamentar.

Afigura-se-me perfeitamente legítimo que a direção queira fazer uma renovação, nada a opor. O que me parece é esta renovação foi feita sem conta, peso e medida, sem ponderação, sem equilíbrio, sem bom senso e chamar-lhe renovação é eufemismo, isto é uma limpeza", declarou.

Segundo considerou, "o critério [para escolher os futuros deputados do PSD] não foi a meritocracia, nem a competência".

É um critério de fidelidade a determinadas pessoas, de amiguismo até, e acho que isso não é bom nem faz parte da tradição histórica do partido. Acredito que a renovação se impunha, é sempre saudável, mas feita com critérios".

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