José Sócrates, secretário-geral do PS e Paulo Portas, líder do CDS protagonizaram o primeiro da série de dez debates realizados no âmbito das eleições Legislativas. O modelo prometia regras rígidas e intervenções à vez, mas a meio as regras foram sendo atropeladas, para desagrado de Sócrates.
Veja o debate na íntegra
Portas confrontou Sócrates com as medidas destes quatro anos e meio de Governo e Sócrates recordou a Portas os anos em que foi ministro na coligação PSD/CDS. «O senhor teve condições excepcionais: uma maioria absoluta, um Presidente cooperante», disse Portas. «Eu nunca fui primeiro-ministro e nunca tive maioria absoluta e nem a queria porque transformam-se em arrogância e na falta de sentido de compromisso», disse ainda.
«Eu também me lembro do que o senhor fez no governo passado e isso não pode passar sem ser apreciado», respondeu Sócrates, em referência filme «Sei o que fizeste no Verão passado».
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Segurança aqueceu debate
O tema mais polémico acabou por ser o da Segurança. «Neste momento, desculpa-se o criminoso, culpa-se a sociedade e ignora-se a vítima», disse Portas, acusando Sócrates de ter cometido vários erros. «O primeiro erro do PS foi aprovar alterações às leis penais que aumentaram a intranquilidade».
Na resposta, Sócrates acusa o líder do CDS de «insinuar que as leis penais contribuíram para o aumento da criminalidade, inclusive o regime da prisão preventiva, que o doutor Paulo Portas até aprovou. Votou a favor».
Portas negou ter aprovado o diploma, mas Sócrates continuou a insistir: «votou na especialidade».
Depois de garantir que «Portugal é um país seguro», Sócrates foi mesmo buscar a questão da cimeira das Lages, que decidiu a entrada de Portugal na guerra do Iraque, quando Portas era ministro da Defesa. «Eu nunca aceitei que o Estado português entrasse numa guerra ilícita, ilegítima», disse Sócrates.
«O senhor para falar em segurança vai até ao Iraque, mas não vai até ao Cacém e à Damaia e não percebeu o que se passou em Setúbal», diz Portas, enumerando depois o número de efectivos policiais em zonas problemáticas do país.
«Se o sistema de ensino fosse bom, teríamos 20 por cento dos jovens no desemprego?»
Portas criticou depois o sistema de avaliação dos professores, apontando ao mesmo tempo um «facilitismo» na avaliação dos alunos.
«Se o sistema de ensino fosse bom, teríamos 20 por cento dos jovens no desemprego? Eu acho que não», disse Portas, que acusou depois Sócrates de passar «de zangado a delicado em relação aos professores» com o aproximar das eleições.
Sócrates respondeu com as medidas para o sector: «Encerramos escolas com menos de 10 alunos, apostámos no ensino profissional, nas novas oportunidades, modernização das escolas, combatemos o insucesso escolar. Fizemos muitas mudanças, nem todas são bem recebidas, mas fizemos o nosso melhor», afirmou.
«No seu tempo, em 2004, nem foram capazes de colocar os professores nas escolas a tempo e horas», disse.
Debate: Portas ataca com presente, Sócrates recorda o passado
- Sara Marques
- 2 set 2009, 22:30
Segurança foi o tema mais quente do primeiro frente-a-frente a até a cimeira das Lages foi referida
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