Catarina Martins: “Precisamos voltar aos escalões anteriores de IRS” - TVI

Catarina Martins: “Precisamos voltar aos escalões anteriores de IRS”

Porta-voz do Bloco de Esquerda, no programa Tenho uma Pergunta para Si, da TVI24, disse que a saída do Euro não é a solução para Portugal, mas diz que é fundamental Portugal renegociar a dívida

Catarina Martins defende o regresso aos oito escalões de IRS e o fim da sobretaxa. Em entrevista ao programa Tenho uma Pergunta para Si, da TVI24, voltou a defender a renegociação da dívida pública e a nacionalização da Banca.
 
A porta-voz do Bloco de Esquerda sublinha que é necessária uma reforma fiscal, que implique um regresso aos oito escalões de IRS.
 

“Fala-se muito da sobretaxa (…), mas a sobretaxa representa uma pequena parte do enorme aumento de impostos que foi feito em Portugal. Representa 750 milhões de euros. O maior aumento de impostos que foi feito em Portugal foi o da alteração de escalões, de oito para cinco, que tornou mais injusto e levou 2.400 milhões de euros a mais de IRS.”

 

“Precisamos claramente de acabar com a sobretaxa e de voltar aos escalões anteriores. Voltar aos oito escalões e acabar com a sobretaxa, (…) serve a dinamização da economia, serve a criação de postos de trabalho e serve para acabar o ciclo recessivo em que estamos.”

 
 
A porta-voz do Bloco de Esquerda questiona o pagamento da dívida pública, caso não se avance para a reestruturação ou para a renegociação. “A dívida em Portugal é gigantesca, está a tirar os recursos do país. Quando ninguém diz no seu programa o que vai fazer com a dívida, podemos esperar o pior. Depois de ter privatizado tudo, o Governo fez cerca de 9 mil milhões de euros com as privatizações que fez, que deu para pouco mais de um ano de juros. Ora, se a vida não for reestruturada de maneira nenhuma, como é que a vamos pagar?”, disse.
 

“Nestes anos, para a conseguir pagar, cortaram-se salários, cortaram-se pensões, cortou-se na escola, cortou-se no Sistema Nacional de Saúde e vendeu-se quase tudo o que existia.”

 
Catarina Martins foi questionada sobre a situação na Grécia e sobre a identificação entre o Bloco de Esquerda e o Syriza. A porta-voz do BE considera que “o Syriza confiou demais na democracia das instituições europeias e não se preparou para o que aí vinha” e acusou o BCE de “ameaçar a liquidez da Banca grega sem nenhum motivo técnico para o fazer, por razões políticas”.
 
A candidata do Bloco não defende uma saída do Euro, mas alerta para a necessidade de o país se preparar para o caso de isso acontecer: “A chantagem europeia chegou a um tal nível que qualquer país que se leve a sério tem de estar preparado para que isso possa acontecer.”
 
Na TVI24, Catarina Martins acusou o Governo de esconder as contas da Segurança Social e defendeu uma reformulação do modelo de financiamento do sistema. Para a candidata bloquista, a solução pode estar numa “pequena taxa sobre o valor acrescentado das grandes empresas”. “E porquê só das grandes empresas? Porque as PME têm o grosso do emprego em Portugal e estão muito frágeis com a crise económica. (…) Se fosse de 0,75%, em quatro anos, essa pequena taxa, permitiria uma receita de 1200 milhões de euros”, exemplificou.
 
Para Catarina Martins, o problema de financiamento da Segurança Social não está a longo prazo, com a descida da taxa de natalidade. “A natalidade em quatro anos desceu mais do que numa década. O que quer dizer que as políticas de austeridade fazem muito mal à democracia. (…) Perdemos mais 100 mil pessoas por ano porque emigraram em idade ativa do que aquelas que perdemos por nascerem menos bebés”, considerou.
 

“Se o problema da natalidade é um problema a prazo, o problema das contas públicas para a Segurança Social não é o da natalidade é o da emigração. É a emigração que nos faz perder mais 100 mil pessoas por ano.”

 
O Bloco de Esquerda defende ainda um “controlo público da Banca” e dá como exemplo o Novo Banco. “Tendo em conta todo o investimento público que temos no Novo Banco, não tem sentido nenhum, depois de termos limpo o Banco com dinheiro público, entregarmos o Banco a um privado, aumentar a economia de casino, em vez de assumirmos a responsabilidade de o gerirmos e com isso recuperarmos o dinheiro que lá pusemos”, sugeriu.
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