António Costa esteve esta quarta-feira na Associação Caboverdeana em Lisboa para defender que "o combate ao racismo tem de ser permanente" e que o país "precisa de mais imigração". O fim das quotas do contigente laboral, a mudança das funções da polícia de fronteira e o estabelecimento de novos acordos de livre circulação no quadro da CPLP foram algumas das medidas apresentadas pelo secretário-geral socialista, antes de um almoço na associação. À entrada, questionado sobre as notícias recentes do caso de Tancos que envolvem Marcelo Rebelo de Sousa, mas limitou-se a dizer que "isso é da Justiça".
Perante uma plateia de algumas dezenas de pessoas - uma sala pequena num edifício do centro de Lisboa -, que contou com a presença da ministra Mariana da Silva e do ministro João Gomes Cravinho, o líder do PS lembrou que foi apenas em 2015, com o seu Governo, que Portugal teve um membro do Executivo negro, neste caso uma mulher, referindo-se à ministra da Justiça, Francisca Van Dunem.
Gostamos de dizer que Portugal é um país que não é racista. O racismo existe na sua forma mais subliminar e às vezes não damos por isso. (…) Só em 2015, um negro, neste caso uma negra, se tornou ministra em Portugal”, sublinhou.
E continuou com mais exemplos, afirmando que “ignorar que os ciganos também são portugueses" é outra “forma de racismo”.
Costa não tem dúvidas: "Não há nenhum povo imune ao racismo". E, por isso, tem de haver "um combate permanente".
Para o PS, é importante separar o combate ao racismo da integração de imigrantes "porque não é a cor da pele" que atribui vistos de trabalho e porque os portugueses com diferentes origens "têm de ser protegidos".
Neste âmbito, o partido quer ainda separar as funções da polícia de fronteira com as funções administrativas em relação a estrangeiros porque, afirmou, "a atividade policia nada tem a ver" com o relacionamento com estrangeiros.
Depois, o líder socialista assinalou que o país precisa de mais imigração e de mais políticas de integração de imigrantes. E foi mais longe, considerando que só com mais imigração é possível inverter a dinâmica demográfica.
Só recuperamos a dinâmica demográfica se associarmos às políticas de natalidade políticas de integração de imigrantes. (…) Portugal precisa de mais imigração e as ofertas de trabalho hoje existem nos mais diversos setores”, vincou.
Costa apresentou algumas propostas do partido neste sentido como o fim das quotas do contigente laboral de imigrantes, um mecanismo que diz ser "anacrónico", e a criação de acordos de livre circulação no quadro da CPLP. E se os países da CPLP demonstrarem "diferentes humores" neste domínio - estaria a lembrar-se do Brasil de Jair Bolsonaro - garantiu que serão feitos acordos bilaterais.
O discurso de Costa foi muito saudado e aplaudido pelos presentes e seguiu-se à intervenção de Romualda Fernandes, candidata a deputada por Lisboa. A candidata destacou o trabalho feito pelo PS na integração de imigrantes, mas notou que estes ainda enfrentam muitas dificuldades e que é necessário caminhar em direção a novos avanços.
À entrada para este almoço, Costa foi questionado sobre as notícias recentes do caso de Tancos, que envolvem Marcelo Rebelo de Sousa, mas limitou-se a dizer que "isso é da Justiça".
A caravana socialista ruma esta quarta-feira ao Algarve, mais precisamente a Loulé, onde, mais logo, irá decorrer um comício.