Entre fatos e costureiras, Costa recusa fixar metas para acordo de evolução do salário mínimo - TVI

Entre fatos e costureiras, Costa recusa fixar metas para acordo de evolução do salário mínimo

  • Sofia Santana
  • 3 out 2019, 13:35
António Costa numa visita a uma fábrica têxtil em Mangualde

António Costa visitou, esta quinta-feira, uma fábrica têxtil, em Mangualde, distrito de Viseu, para defender que deve haver um acordo na concertação social, na próxima legislatura, que fixe metas para a evolução do salário mínimo nacional e que contribua também para resolver o problema dos rendimentos das famílias. Mas o líder do PS recusou fixar valores pra "não comprometer o diálogo"

António Costa visitou, esta quinta-feira, uma fábrica têxtil, em Mangualde, distrito de Viseu, para defender que deve haver um acordo na concertação social, na próxima legislatura, que fixe metas para a evolução do salário mínimo nacional e que contribua também para resolver o problema dos rendimentos das famílias. O líder do PS aproveitou uma pausa na produção para falar às funcionárias e dar um recado aos empresários: é preciso "remunerar melhor quem trabalha", "acalentando e motivando quem trabalha". O proprietário concorda com o aumento dos salários, mas avisa que as empresas portuguesas não podem deixar de ser competitivas. Se isso acontecer, afirmou, "não há empresário ou mágico que resolva o assunto".

Temos de ouvir a concertação social para fixarmos as metas para a evolução do salário mínimo nacional. (…) Gostaria que esse acordo de rendimentos na concertação social não se limitasse ao salário mínimo. Nós não temos só um problema com o salário mínimo nacional, temos um problema geral com os rendimentos das famílias portuguesas”, frisou António Costa, aos jornalistas.

Questionado se tem alguma expectativa quanto ao valor dessa evolução, o secretário-geral do PS não quis avançar números para “não comprometer o diálogo”.

Não quero comprometer o diálogo que vamos ter, colocando números à partida. O desejo que todos partilhamos é que possa ser o mais elevado possível”, declarou.

O líder do PS visitou a fábrica têxtil CIB, que tem um total de 900 trabalhadores, 700 em Portugal e 200 em Cabo Verde, e produz cerca de 1500 a 2000 fatos por dia, cerca de 98% para exportação. São maioritariamente mulheres, costureiras, as funcionárias da empresa.

Costa percorreu as várias linhas de produção, entre as funcionárias nas máquinas de costura e os vários fatos expostos, ainda inacabados. 

Num momento de pausa da manhã, o secretário-geral socialista aproveitou para falar às trabalhadoras, que se reuniram no refeitório, e dizer que o setor da confeção em Portugal atravessou momentos de “grande crise”, mas que tem vindo a recuperar muitos clientes que tinham ido para outros sítios porque estes compreenderam que “mais importante do que um preço barato é sobretudo terem um produto de qualidade”.

E um produto de maior qualidade só resulta de uma coisa: das maõzinhas, das vossas mãos e é essa qualidade que é fundamental para voltarmos a ter um setor da confecção forte”, sublinhou.

Porque “não há nenhum país que viva só de turismo ou de serviços”, Costa defendeu que Portugal precisa de ter indústria e aqui deixou alguns recados aos empresários: é preciso “apostar na inovação”, apostar na “qualificação dos recursos humanos”,  “remunerar melhor quem trabalha”, “acalentando e motivando quem trabalha".

Se quisermos ser competitivos a vender temos de ser competitivos a contratar”, reiterou.

Francisco Batista, proprietário e administrador da fábrica, que gera uma faturação entre 25 a 30 milhões de euros, disse que apenas 5% dos trabalhadores ganham o salário mínimo nacional e que estes são os que estão no primeiro contrato. “Depois damos sempre mais alguma coisinha”, acrescentou.

Porém, quando questionado sobre quanto ganham as costureiras, que representam o grosso dos trabalhadores, o administrador afirmou que estas auferem entre 600 e 620 euros, algumas 650 euros.

O empresário defende que as empresas devem pagar salários mais altos, mas avisou que não podem deixar de ser competitivas lá fora porque se isso acontecer não haverá “empresário nem nenhum mágico que resolva o assunto”.

Se pagarmos mais e trabalharmos menos, um dia a competitividade foi-se e aí não há empresário nem nenhum mágico que resolva o assunto. Nem o amigo Luís de Matos”, frisou

Continue a ler esta notícia