Manuel Alegre diz que o PS não precisa de "professores de esquerda" - TVI

Manuel Alegre diz que o PS não precisa de "professores de esquerda"

  • 1 out 2019, 00:08

Num comício em Coimbra, o histórico socialista sublinhou que o partido tem "orgulho na geringonça", mas que não precisa de "professores de esquerda". Marta Temido também discursou para acusar o PSD de querer uma "saúde de supermercado"

Manuel Alegre entrou esta segunda-feira na campanha do PS, num comício em Coimbra, no qual afirmou que não há Governo de esquerda sem o PS e muito menos contra o PS. O histórico socialista advertiu que o PS orgulha-se da ‘geringonça’, mas não precisa de "professores de esquerda".

Num comício no Pavilhão dos Olivais, o antigo candidato presidencial manifestou total apoio à solução de esquerda, elogiou António Costa e até se demarcou do vice-presidente da bancada do PS Carlos Pereira, que classificou o Bloco de Esquerda e o PCP como "empecilhos".

Não há empecilhos à esquerda. Os empecilhos vieram sempre da direita", contrapôs Manuel Alegre, antes de deixar uma série de críticas dirigidas sobretudo ao Bloco de Esquerda, embora sem mencionar esta força política.

Numa intervenção com cerca de 20 minutos, Alegre começou por sustentar a tese de que, historicamente, "a força da direita esteve na divisão da esquerda".

Depois, deixou vários avisos: "Não há estabilidade sem um PS forte; não há diálogo nem convergência sem um PS forte; não há solução governativa sem o PS e muito menos contra o PS".

Mas mais, não há esquerda em Portugal sem o PS ou contra o PS. Fizemos a ‘geringonça’ e não temos vergonha dela, temos mesmo muito orgulho no que foi feito nestes quatro anos. Não nos arrependemos, mas também não precisamos de professores de esquerda", completou o escritor socialista.

Alegre visou também a atuação do presidente do PSD, Rui Rio, a propósito do caso de Tancos.

"Não precisamos de lições de moral de quem há alguns dias criticava a justiça de tabacaria e agora se arvora em justiceiro eleitoralista", afirmou, recebendo muitas palmas.

Por outro lado, advogou que o seu partido precisa de ter confiança em si próprio, até porque, "ao contrário do que pensam alguns, a esquerda precisa de um PS forte", que "não ponha em causa os equilíbrios financeiros".

Mário "Centeno só há um - e esse é o nosso. Sei que alguns não gostam [dele] - eu próprio, às vezes, também não, mas não há políticas de esquerda sem rigor nas contas públicas", sustentou Manuel Alegre.

Depois, Alegre evocou o falecido antigo ministro dos Assuntos Sociais e criado do Serviço Nacional de Saúde (SNS), António Arnaut, sem amigo de longa data em Coimbra.

"Prometemos a António Arnaut que a Lei 48/90 seria revogada e lutaríamos por uma nova Lei de Bases da Saúde. Prometemos e cumprimos", 

Marta Temido diz que PSD quer "saúde de supermercado"

Marta Temido também discursou neste comício, acusando o PSD de propor uma "saúde de supermercado" e de querer voltar ao tempo de Durão Barroso na tentativa de privatizar os centros de saúde. 

O PSD de Rui Rio quer mudar nome do Ministério da Saúde para Ministério da Promoção da Saúde e na verdade o que propõe é uma saúde de supermercado."

Para a candidata do PS por Coimbra, o facto de o PSD defender no seu programa o alargamento do sistema de lista de espera para cirurgias às consultas de especialidade e exames complementares, através da emissão de ‘vouchers’, significa que "não está preocupado com a eficiência do Serviço Nacional de Saúde (SNS)".

No meio da retórica, da transparência, da revelação, da criação de valor, lá aparece a ideologia, aparecem os preconceitos ideológicos que afirmam não ter", afirmou.

Segundo a socialista, o PSD quer ainda "voltar aos tempos de Durão Barroso e da sua tentativa falhada de privatizar os centros de saúde", defendendo que "não é privatizando, mas gerindo melhor, que se melhora" o Serviço Nacional de Saúde.

Quando o programa daquele partido [PSD] defende, e estou a citar, a abertura da gestão dos cuidados de saúde primários a entidades privadas não é mais do que voltar à fórmula que teve a oposição de todos os médicos de família e do presidente Jorge Sampaio", frisou.

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