O primeiro-ministro que “não tira férias” recorre à ironia para comentar escolha de Rio - TVI

O primeiro-ministro que “não tira férias” recorre à ironia para comentar escolha de Rio

  • Sofia Santana
  • 1 out 2019, 23:56

António Costa diz que não pode tirar férias das suas funções governativas e que é por isso que cancelou várias ações de campanha: para poder acompanhar o furacão “Lorenzo”, que passa pelos Açores. De visita às obras de requalificação do IP3, em Penacova, o secretário-geral do PS volta a não responder quando o assunto é Tancos, mas deixa palavras irónicas sobre a escolha de Rui Rio para ministro da Agricultura. Faltam apenas cinco dias para as eleições, mas os dias de campanha de Costa têm sido calmos e com poucas ações de rua

António Costa diz que não pode tirar férias das suas funções como primeiro-ministro. Esta foi a justificação dada aos jornalistas, depois de o líder socialista ter cancelado várias ações de campanha para acompanhar o furacão “Lorenzo”, que vai passar pelos Açores. De visita às obras de requalificação do IP3, em Penacova, o secretário-geral do PS voltou a não dar respostas sobre Tancos, mas deixou palavras irónicas sobre a escolha de Rui Rio para ministro da Agricultura (Arlindo Cunha, que foi ministro de Cavaco Silva): "É um sinal de rejuvenescimento do PSD”, afirmou. Esta terça-feira houve apenas dois eventos de campanha com Costa. Os dias do socialista têm sido calmos, longe do frenesim em que andam outros líderes partidários.

Arruada marca para esta terça-feira, na Nazaré: cancelada. Ações de rua de quarta-feira: canceladas. Desta vez não foram as dores musculares afetaram o secretário-geral socialista, mas o furacão “Lorenzo” a motivar alterações na agenda do PS. O furacão chega ao Açores esta madrugada e António Costa diz que quer acompanhar a situação, que considera ser “preocupante”. Porque um primeiro-ministro "não pode tirar férias”.

É uma medida cautelar. Esperemos que tudo possa correr o melhor possível, mas obviamente é uma situação preocupante que iremos viver esta noite. (…) Não posso tirar férias das minhas funções como primeiro-ministro, eu tenho de estar disponível”, vincou, em declarações aos jornalistas.

Questionado sobre a possibilidade de os seus adversários políticos interpretarem mal esta decisão – numa altura em que o caso de Tancos está a motivar duros ataques da direita – Costa limitou-se a dizer que espera “que entendam da forma certa”.

E quando o assunto é Tancos, a estratégia é não responder. Desta vez, o líder socialista foi questionado sobre o requerimento do PSD para que haja um debate em Comissão Permanente da Assembleia da República, ao qual o PS se opõe. "Deixarei para a conferência de líderes pronunciar-se amanhã sobre essa matéria", frisou.

Pergunta que, no início, também não parecia merecer comentários, mas que depois até motivou algumas palavras irónicas por parte do secretário-geral socialista foi uma sobre a escolha de Rui Rio para ministro da Agricultura - Arlindo Cunha, que já foi ministro da Agricultura durante o segundo Governo de Cavaco Silva, entre 1987 e 1991. Costa começou por dizer que não comentava os "governos dos outros", mas depois, perante a insistência da imprensa, soltou com grande ironia: “É um sinal de rejuvenescimento do PSD”.

As declarações aos jornalistas foram dadas durante uma visita às obras do IP3, em Penacova, num troço que liga Coimbra e Viseu. Se excluirmos o comício à noite, em Aveiro, esta foi a única ação de campanha do dia de hoje com o candidato a primeiro-ministro.

Ora, comparativamente com as agendas de outros partidos ou até com agendas do PS noutros anos, os dias de campanha do líder dos socialistas não têm sido muito preenchidos - apenas dois ou três eventos por dia - e têm sido marcados por poucas ações de rua. Para se ter uma ideia, Rui Rio, por exemplo, teve, esta terça-feira, um encontro com agricultores, uma arruada, uma visita a um hospital e terminou o dia também com um comício. No entanto, e apesar de faltarem apenas cinco dias para as eleições, o secretário-geral socialista desvaloriza o menor número de contactos com a população, considerando que estes encontros "têm sido excelentes em todos os pontos do país”.

Esta terça-feira, no IP3, em Penacova, Costa esteve acompanhado por Marta Temido, cabeça de lista por Coimbra, e Pedro Nuno Santos, cabeça de lista por Aveiro. De coletes refletores, os socialistas visitaram uma obra “prometida há muitos anos e que foi sucessivamente adiada”.

 Está prometida há muitos anos. Foi sucessivamente adiada, num troço de particular perigosidade. Só na ultima década aqui perderam a vida mais de 24 pessoas e houve dezenas de pessoas gravemente feridas”, vincou Costa.

O líder do PS sublinhou que esta é “uma obra que é prioritária não só para fazer a ligação entre Coimbra e Viseu, mas é também uma obra muito importante pra a internacionalização da nossa economia, para a ligação do nosso território à Europa, de todo o nosso território interior ao litoral”.

Os trabalhos, que começaram em maio, deverão terminar dentro de 11 meses - estando este prazo sujeito às condições atmosféricas que se verificarem durante o inverno - e têm um custo de cerca de 11 milhões de euros.

Durante a visita, que começou um pouco depois das 18:00, vários condutores que passavam ao lado da obra fizeram questão de gritar mensagens como "isto já devia estar pronto!", "vão trabalhar!" e até "PSD!". Nada que tenha perturbado a caravana, que, à noite rumou a Aveiro para um comício com direito a casa cheia.

No auditório do Centro de Congressos de Aveiro, centenas de apoiantes reagiram entusiasticamente às intervenções da noite, protagonizadas por Vieira da Silva, Pedro Nuno Santos e, claro, António Costa. Mas o líder do PS deixou um aviso à plateia:

No dia das eleições não há sondagens, há votos. Não se ponham a fazer contas com base nas sondagens porque arriscam-se a acordar no outro dia de manhã com uma surpresa desagradável”, concluiu.

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