PS não deseja um "Costaquistão", mas quer "enterrar de vez o Cavaquistão" - TVI

PS não deseja um "Costaquistão", mas quer "enterrar de vez o Cavaquistão"

  • Sofia Santana
  • atualizada às 23:58
  • 2 out 2019, 23:11

Num comício que encheu uma praça do centro de Viseu, esta quarta-feira à noite, o histórico socialista Jorge Coelho declarou que se sentiu “insultado” quando Rui Rio disse que queria voltar a transformar este distrito no "Cavaquistão". No interior pela primeira vez desde que arrancou o período oficial da campanha, Costa fez questão de assinalar que "não há nenhuma fatalidade que condene estes territórios ao despovoamento"

Os socialistas não querem transformar Viseu no “Costaquistão”, mas querem “enterrar de vez o Cavaquistão”. Num comício que encheu uma praça do centro de Viseu, esta quarta-feira à noite, o histórico socialista Jorge Coelho, natural desta cidade, declarou que se sentiu “insultado” quando Rui Rio disse que queria voltar a transformar o distrito no "Cavaquistão". Antes, António Borges, o presidente da Federação Distrital de Viseu, afirmou que essa palavra, que remonta aos governos de Cavaco Silva, é um "estigma que tem diminuído aos olhos do país a imagem" do distrito.

Não nos chamem nomes, nós somos viseenses. Aqui não há Cavaquistão nenhum!”, frisou Jorge Coelho.

Numa intervenção muito aplaudida pelos apoiantes, Jorge Coelho sublinhou que os portugueses têm “memória” e sabem o que essa ideia de “Cavaquistão” significa para a vida das pessoas.

Nós não nos esquecemos do que foi o passado, do que foi esse tempo que não queremos voltar a viver”, sublinhou.

Já antes, António Borges, o presidente da Federação Distrital, tinha afirmado que “o Cavaquistão é um estigma negativo que prejudica o distrito de Viseu”. O socialista disse que o partido não quer transformar o distrito no “Costaquistão”, “até porque António Costa não ia deixar”, mas que quer “enterrar de vez o Cavaquistão”

A forma de acabar com esse estigma que tem diminuído aos olhos de país a imagem de um distrito como o nosso é votar no PS e enterrar de vez o Cavaquistão."

A noite fria que se ergueu na cidade contrastou com a boa moldura humana deste comício: segundo o cabeça de lista pelo distrito, João Azevedo, estiveram cerca de 3.000 pessoas no Largo do Rossio, no coração de Viseu, esta quarta-feira. E foi mesmo a propósito desta "noite magnífica", que surgiu um apelo: depois de Carlos César ter pedido uma "maioria de valor reforçado", Jorge Coelho veio agora pedir "um domínio magnifico" do PS nas próximas eleições.

O antigo ministro socialista foi duro nas críticas a Rio, acusando-o mesmo de “arrogância”, depois de, em Lamego, e “confrontado com o facto de não ter ninguém à sua espera”, o presidente do PSD ter afirmado que as pessoas se calhar não apareceram porque achavam que quem ia era Costa. "Pense lá um bocadinho, se calhar não foram porque era mesmo o Dr. Rui Rio. Há essa hipótese”, acrescentou.

O histórico do PS também criticou quem tem discutido "autênticos fait-divers" nesta campanha, que "não interessam para nada às vidas" das pessoas.

Quando vejo na campanha muitas das pessoas a discutir questões que são autênticos fait-divers, que não interessam para nada às vossas vidas, às dos vossos filhos (…) fico triste", sublinhou.

Para Coelho são "fait-divers", para Costa são matérias da "bolha mediática" e não "os problemas reais, das pessoas efetivas, que vão votar" e decidir o futuro do país no próximo domingo.

No interior pela primeira vez desde que arrancou o período oficial da campanha, o líder do PS fez questão de assinalar que "não há nenhuma fatalidade que condene estes territórios ao despovoamento".

"Uma das maiores desigualdades é a desigualdade entre territórios, a desigualdade que separa litoral e interior. Mas não há nenhuma fatalidade que condene estes territórios ao despovoamento", sublinhou, para depois destacar as características da região, como o "vinho de excelência", as "atividades económicas de grande importância" e "o património paisagístico e natural".

O secretário-geral socialista reiterou ainda que o PS quer tornar o interior "não um problema, mas pelo contrário, um grande contributo para Portugal".

Tornar o nosso interior não um problema, mas pelo contrário um grande contributo para Portugal, para podermos ser mais prósperos em todo o território nacional", vincou.

Discursando num distrito que este ano elege menos um deputado - por ter perdido população -, Costa trouxe a história de uma comerciante, "a dona Fernanda, da drogaria da Rua Direita", que o secretário-geral socialista conheceu há quatro anos, em campanha, e que lhe disse que não ia votar no PS com medo de que o país voltasse para trás e viesse uma nova crise. O contexto serviu para o líder do PS afirmar que, hoje, pode dizer "às donas Fernandas" que não votaram no seu partido que não houve mais nenhuma crise e que o seu Governo devolveu os salários cortados, as pensões cortadas, baixou o IRS e reduziu o défice.

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