Escutas: Fernando Lima e jornalistas do Público ouvidos na AR - TVI

Escutas: Fernando Lima e jornalistas do Público ouvidos na AR

Cavaco Silva e Fernando Lima

Audições propostas pelo PS e pelo BE foram aprovadas na Comissão de Ética

O Parlamento vai ouvir 31 nomes propostos pelo PS no conjunto de audições sobre «a influência do poder económico e político nos meios de comunicação social». Entre os nomes propostos pelo PS estão dois dos jornalistas que divulgaram as supostas escutas na Presidência da República, Tolentino de Nóbrega e Luciano Alvarez.

Estes nomes não constavam na lista inicial (de 22 nomes) apresentada pelo PS há uma semana, e foram entretanto acrescentados.

Durante a reunião da Comissão de Ética, o Bloco de Esquerda pediu ainda a audição de Fernando Lima, assessor do Presidente da República e suposta fonte das notícias sobre as alegadas escutas no Palácio de Belém.

Fonte do grupo parlamentar do PS disse à Lusa que a inclusão do nome do ex-assessor de Cavaco Silva na proposta de audições socialistas chegou a ser sugerida no seio do grupo, mas foi vetada pelo líder da bancada, Francisco Assis, para «não criar conflitos institucionais».

O PS requereu ainda a audição, entre outros, de Teresa de Sousa, também jornalista do «Público», Lília Bernardes, correspondente do «Diário de Notícias» na Madeira, nomes que também não constavam do requerimento inicial.

Entre os restantes nomes requeridos pelo PS estão personalidades do mundo académico e jornalístico, nomeadamente vários directores de meios de comunicação (DN, JN, RR, TSF) e entidades ligadas à comunicação social, alguns que já faziam parte da lista aprovada há uma semana.

O PSD juntou os nomes dos presidentes da Impresa e da Sonaecom, e o PCP requereu a audição do ex-vice presidente da Alta Autoridade da Comunicação Social José Garibaldi e o jornalista Fernando Correia. Todos estes requerimentos foram aprovados, tendo-se abstido os deputados do PSD e CDS.

Polémica em torno da data das audições

Todos os partidos da oposição afirmaram que não inviabilizariam estas audições propostas pelo PS, mas que não queriam que «este requerimento fosse utilizado como um expediente para inviabilizar aquilo que democraticamente aprovado», ou seja, que estas novas audições atrapalhassem as que foram aprovadas há uma semana.

O deputado do PSD, Agostinho Branquinho, diz mesmo que com este requerimento «é uma espécie de providência cautelar encapotada do PS para impedir que se discuta aquilo que os portugueses lá fora querem saber, que é se há condicionamento ou não dos meios de comunicação social».

Na resposta, a deputada socialista Inês de Medeiros garantiu: «O requerimento diz claramente que queremos apurar a influência do poder económico e político nos meios de comunicação social. Não estamos aqui a querer escamotear nada».

A deputada garantiu ainda que o que o PS quer é «contribuir para um debate mais alargado». «Não queremos que haja uma pessoalização das situações», disse, sobre o facto de o requerimento do PSD visar situações que envolvem o primeiro-ministro. Mas garantiu que «o objectivo não é pôr um caso contra o outro».

Sobre o facto de terem pedido para que as audições fossem intercaladas, Inês de Medeiros explica que «é uma questão de coerência» e facilitaria o trabalho da comissão. «Ouviam-se primeiro os jornalistas, as personalidades e depois as entidades», afirmou.

Mas perante esta discordância de opiniões, o PSD pediu para que o pedido socialista fosse a votação na próxima reunião, não tendo por isso sido feita a calendarização destas novas audições.
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