«Não estamos no pendular que anda entre a esquerda e a direita» - TVI

«Não estamos no pendular que anda entre a esquerda e a direita»

Luís Fazenda

Bloco de Esquerda garante que vai discutir, no Parlamento, «proposta a proposta», sem entendimentos com o Governo

Luís Fazenda deixou claro, esta sexta-feira, no Parlamento, que o Bloco de Esquerda não vai alinhar em qualquer entendimento com o PS.

«Não somos nenhuma carruagem de um pendular que anda ocasionalmente entre a esquerda e a direita. Não faremos parte desse ziguezague», sublinhou.

Assim, o ex-líder parlamentar do BE reforçou que os bloquistas vão discutir «proposta a proposta», no Parlamento, e assumir «todas as responsabilidades» dessa opção.

Fazenda analisou também «a capacidade de diálogo do Governo Sócrates II», como uma «forma acanhada e mesquinha de ver o debate político».

Relembrando que «o Parlamento pode assumir as capacidades legislativas», por exemplo, «em relação ao sector da Educação», o ex-candidato à Câmara de Lisboa perguntou, retoricamente: «Será isto uma conspiração?»

«Não, isto é nem mais nem menos que o normal funcionamento das instituições democráticas», acrescentou, recomendando a José Sócrates «que se reconcilie com a Constituição».

O bloquista acusou o primeiro-ministro de ameaçar a oposição: «Olhem que nós vamos colocar-vos entre a espada e a parede...»

«Quer fazer passar a ideia que o Governo não é de maioria absoluta, mas é quase. É quase um Governo minoritário absoluto. É assim que queremos ser vistos e relacionarmo-nos com as oposições. Pois é um mau começo senhor primeiro-ministro», alertou.

No outro extremo da Assembleia da República, a opinião é praticamente a mesma. «O primeiro-ministro gaba-se, e bem, de ser o que mais vezes vem ao Parlamento. A diferença é que agora terá de vir ao Parlamento para falar, mas também para ouvir. Essa é a mudança de fundo em relação a 2005, que reforça a democracia e o Parlamento», disse Telmo Correia.

O CDS-PP acusou o Governo «de vir a este debate com uma ideia e um intuito: fazer-se passar por vítima, passar para os outros as responsabilidade dos seus erros».

«Mas a estratégia falhou e o Governo sai daqui com a responsabilidade e o ónus de gerar uma governação estável e de ser ele próprio a apontar o rumo para o país», avisou.

Telmo Correia considerou ainda que este «é um debate especialmente difícil para este Governo e para o primeiro-ministro em concreto». «É a primeira vez que não podem usar o seu argumento principal ou único mesmo, de que a culpa era da crise ou dos outros governos que o antecederam. Precisavam de um novo mote, e então dizem que propuseram uma coligação ou um acordo mas ninguém aceitou», afirmou.

Para o democrata-cristão este é «um argumento algo imaturo, até obsceno, e mais uma vez não conta». Com «muitas dúvidas sobre o caminho que este Governo pretende», o CDS-PP fica, assim, à espera dos próximos debates, que «serão decisivos».

Já antes, Francisco Lopes, do PCP, tinha alertado também que o Governo não tem «uma estratégia para enfrentar os problemas do país». E José Luis Ferreira, dos Verdes, referiu que «parece até que não houve um acto eleitoral, através do qual os portugueses retiraram ao PS a maioria absoluta.
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